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Arte, aqui e agora

Arte enterrada viva

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Por Sheila Leirner
Atualização:


Na volta de uma pequena viagem à região francesa que se chamava Aquitânia-Limusino-Poitou-Charentes (mas agora com a nova nomenclatura chama-se Nova-Aquitânia) mostrei esta foto a uma sábia e querida amiga. Ali, na amada região das "milvacas" ("millevaches") de Deleuze, vê-se o Centro nacional de arte contemporânea e da paisagem, na ilha de Vassivière, concebido em 1991 pelos arquitetos Aldo Rossi e Xavier Fabre.

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- Olhe que maravilha! exclamei. Está vendo a torre? É um espaço de criatividade aberto a todos, uma coleção de esculturas ao ar livre como poucas no mundo. Só no bosque estão 64 obras que representam vários momentos da escultura contemporânea! Ilia e Emilia Kabakov, Alain Kirili, Koo Jeong A e sua pista de skate (que vai estar na 32a Bienal de São Paulo), Olivier Mosset, Michelangelo Pistoletto, Jean-Luc Vilmouth, tantos outros...

- Estou vendo a torre, disse ela.

- Pois é, incrível! Lugar de referência para a arte contemporânea. Três grandes exposições por ano, projeções, conferências, debates, compartilha de experiências. Nunca vaininguém, está sempre vazio mas... não é lindo de morrer?

A sábia pessoa respondeu:

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- Sim, mas... quem quer morrer?

A resposta dela deixou-me um pouco confusa. Verdade que no final de semana, em Vassivière, vi três visitantes. E, pensando bem, na França, jamais se vê um centro de arte contemporânea que não se mostre um pouco funesto. Mesmo quando são lindos como este, todos parecem invariavelmente tristes e despovoados, sendo que - por vocação - tratam do que está vivo. Por outro lado, os museus franceses que, em todo o tempo, conservam e exibem o que está morto, ou pelo menos a arte de quem já morreu, permanecem vivos, vibrantes e tão cheios que é preciso fazer fila para entrar!

Quem é o assassino da arte contemporânea? Público, governo, artista ou curador?

Até a próxima que agora é hoje, seja qual for a resposta!

 

 

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