Eliana Silva de Souza
15 de julho de 2019 | 09h57
Tem início nesta segunda, 15, a nova temporada do programa Som do Vinil, que é comandado pelo músico e pesquisador Charles Gavin. Esta será a 13.ª edição do programa, que ocupa o horário das 23h, do Canal Brasil, e, desta vez, trará novas histórias da música brasileira, agora sob a ótica das mulheres. Mas a ideia é ir além da sonoridade, propondo uma discussão sobre questões de gênero, preconceitos e resistência. Ao todo, 27 artistas foram entrevistadas, intercalando nomes consagrados com outros da nova geração, sendo Gal Costa a primeira da série. Mas terá também Letrux, Elza Soares, Joyce, Sandra de Sá, Doris Monteiro, Roberta Sá, Zélia Duncan e Leny Andrade, entre outras. Gavin falou ao Estado sobre essa nova fase da atração.
O Som do Vinil procurou, nestes anos todos, mapear e retratar a diversidade da música brasileira e de seus personagens, em suas vertentes, em suas diversas épocas. O convite para apresentar o Som do Vinil partiu do Canal Brasil – queriam criar um programa que retratasse discos relevantes da música brasileira e, claro, resgatar as histórias por trás de sua produção e de seu repertório.
Nesta temporada, discutimos e refletimos vários assuntos além da música, que envolvem a vida da mulher, sua carreira e seus desafios. E, na história de cada convidada, há pelo menos um momento em que o machismo estrutural das pessoas se revela, se coloca com toda sua truculência e ignorância. Por outro lado, num olhar mais abrangente, a música brasileira se revela, composta, gravada, tocada e cantada por nossas mulheres.
A ideia do elenco 100% feminino partiu de mim. A montagem do elenco de convidadas passou pela relevância artística e histórica, no painel de nossa música e também pela disponibilidade de agenda. E, dentro disso, procuramos a diversidade – do choro ao rock, da bossa ao samba, da MPB à música black brasileira, e por aí vamos.
Há tempos, sou um apreciador obstinado de nossas cantoras, desde as consagradas, da década de 40, até hoje, como aquelas que “estão chegando”. Vejo com muita esperança o papel da mulher brasileira nas artes e na sociedade brasileira em geral, sobretudo, considerando o preocupante quadro socioeconômico cultural de nosso País hoje.
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