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Breno Silveira fala sobre a estreia da segunda temporada da série '1 Contra Todos'

Estreia nesta segunda, 23, às 22h30, nos canais Fox e Fox Premium, a terceira temporada de 1 Contra Todos. Criada por Thomas Stavros, Gustavo Lipsztein e Breno Silveira, que também assina a direção com Daniel Lieff, série tem oito episódios e traz de volta Cadu, personagem vivido por Julio Andrade, em sua busca por justiça. Sobre essa nova temporada da série, o diretor Breno Silveira conversou com a coluna.

Por
Atualização:

Nessa terceira temporada, você continua com seu esquema de filmar em ordem cronológica? Isso coloca mais veracidade às cenas, por acompanharmos a evolução do personagem de forma mais real? Continuo com a mesma teoria. Apesar de ser mais difícil, vou continuar com essa fórmula, pois acho que quando a gente filma em ordem cronológica, o ator adquire uma memória do que está vivendo e consegue se transformar. O Cadu do início da temporada, que é um cara bom e cheio de princípios, e o Cadu do final são personagens diferentes. É uma transformação tão grande, que tivéssemos mudados a ordem, não seria possível trabalhar uma série de delicadezas. Por exemplo no final da temporada, quando o Cadu está completamente do mal, e já tem o cabelo cortado, fala diferente, está mais forte, é mais grosso. Filmar em ordem cronológica permite ter essas nuances e variações. É possível trabalhar com o ator de uma forma mais profunda, já que ele vive cada fato junto com o personagem. E eu, como diretor, posso acompanhar a transformação passo a passo ao longo da filmagem e entender o que é possível adicionar àquele personagem. Quando troco a ordem dos fatos, quase sempre dá errado, pois o resultado não vem com a mesma emoção. Considero essa teoria muito forte e, apesar de ser um custo maior de produção, vejo que traz uma realidade não só para atores e diretores, mas também para quem assiste.

Julio Andrade em cena de '1 Contra Todos' (foto: Marcela Amstalden) Foto: Estadão

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Como está o Cadu nessa temporada? Parece que ele continua trilhando um caminho só de ida, não? Teremos boas surpresas com ele? O Cadu é nosso herói errante, já que está sempre tentando acertar e erra sempre. É muito bonito que ele acha que vai conseguir transformar o ambiente social ou político e, no final, é ele quem acaba sendo transformado. Ou seja, de certa forma, é um pouco desse Brasil que a gente vive, que não conseguimos mudar, com nossa rotina de corrupção e erros. E o Cadu representa muito esse Brasil. O interessante nessa temporada é que o Cadu vive uma vida separada da família. Isso é muito bacana pois dá a chance de ele renascer, se apaixonar de novo e todo o resto. É isso acontece por uma característica bastante positiva do formato de série, que permite desenvolver histórias paralelas. É o mesmo caso com a história da Malu, que está longe do Cadu, e a do filho deles Téo. É um lado de série que eu, que venho do cinema, não tinha me atentado, e acredito que deixa a produção mais interessante.

Teremos ainda uma outra temporada? tem vontade de levar esse personagem para o cinema? Lógico que eu tenho vontade de levar esse personagem para o cinema. No começo, 1 Contra Todos foi pensado para ser vista no cinema, mas o Zico Góes, diretor da área de produções originais da FOX Networks Group, teve a coragem de dizer que essa história dava uma excelente série. E eu estou muito feliz que tenha virado série. Hoje em dia acho até mais bacana ter virado série, pois é possível ver a beleza da transformação de um personagem, algo que tem mais a ver com a vida. No cinema, no fundo, hoje parece para mim parece uma janela curta, onde não interessa muito entender os desdobramentos das personagens. E a série é mais infinita na questão de possibilidades, pois a vida é infinita, e o que pode acontecer com o Cadu também. Acho muito interessante entender como ele evolui com a família, no que se transformou esse cara, como é que ele olha pro amor, como é que ele olha para seus próprios ideais do começo da série. O personagem que a gente tem hoje já fez um arco tão absurdo, que é muito diferente do personagem que começou essa serie. Consigo ver no olho dele, no jeito dele falar, em tudo.

Aliás, é verdade esse lance de que o Zezé Di Camargo não curtia muito a ideia de você dirigir o filme sobre ele? Na verdade, o que eu disse, e que é motivo de boas risadas minhas e dele até hoje, é que depois do filme pronto ele me contou que no meio do processo de filmagem ficou inseguro com o que eu estava fazendo e pensou em me tirar do filme. E eu me orgulho de contar isso e ele também. Não foi algo imperativo, foi um instinto dele, uma vez que eu era um diretor estreante e estava começando. Provavelmente, qualquer pessoa que estivesse sendo retratada ali ia pensar da mesma forma. Eu achei lindo ele ter essa insegurança de achar que eu estava indo para o lado errado ou certo e que, apesar disso, ter deixado eu terminar o filme. Sou muito grato a essa dupla e ao fato de ele ter me contado isso anos depois. Foi na casa do Caetano, e eu sempre dou risada quando essa história me vem à memória. Acho engraçado, pois ficamos bons amigos e eu tenho certeza de que ele gostou muito do filme, pois sempre me disse isso. A nossa relação sempre teve muito respeito, pois ele realmente foi louco de entregar o filme pra mim, já que era meu primeiro filme, e é muito bom saber que ele teve essa insegurança alguma vez na vida.

 

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