Estadão
09 de fevereiro de 2010 | 12h20
Mais magro e com a voz cada vez mais rouca, o presidente da Nenê da Vila Matilde, Alberto Alves da Silva Filho, o Betinho, de 53 anos, está contando os dias para ver sua escola na avenida. No domingo de carnaval, Betinho espera que seja a primeira e última vez que a azul e branco da zona leste dispute o Grupo de Acesso.
“Vou sair daqui (segunda divisão) neste domingo. Isso aqui não é meu lugar”, diz Betinho.
Justamente no ano que completou 60 de fundação, a Nenê sofreu o maior golpe de sua história. “Perdi minha voz, fui ‘linchado’ publicamente e me acabei emocionalmente. Foi um período muito difícil da minha vida. Mas deu para ver quem realmente é Nenê no momento desta crise”, disse Betinho, em entrevista na tarde de ontem para o Jornal da Tarde.
Até três meses antes do desfile, a quadra da Nenê estava interditada e o barracão fechado. “Tudo estava jogando contra. Mas estamos dando a volta por cima. Somos uma escola de verdade, de tradição e com samba no pé. Precisam respeitar a Nenê”, diz o dirigente.
Seis vezes campeã do carnaval de São Paulo, a Nenê de Vila Matilde é considerada uma das principais escolas de samba de São Paulo, juntamente com Camisa Verde Branco e Vai-Vai. “Essas três são a essência do samba”, finaliza o filho mais velho do fundador da escola, o seu Nenê da Vila Matilde, que está com 89 anos.
Mesmo com a saúde muito debilitada, seu Nenê confirmou presença no desfile. Por volta da 1 hora da madrugada de segunda-feira, essa bandeira do carnaval de São Paulo vai estar entrando na avenida. Tomara que realmente seja o primeiro e último desfile da escola no Acesso.
Betinho em cima do carro alegórico da Nenê - "Vamos subir", avisou - Foto: Sérgio Castro/AE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.