- É triste ver como a maioria dos brasileiros ainda trata seus filhos, esquecendo-os em algum canto qualquer. Ainda mais aqueles que tantos obstáculos superaram para mostrar um pouco da beleza do misticismo e da miscigenação que forma a cultura musical brasileira, tão valorizada pelo mundo afora e de tão pouco valor entre os seus.
Rapaz de bem até o fim de seus dias, Alfredo José da Silva ensaiou seus primeiros acordes no piano em Vila Isabel, bairro boêmio-romântico da zona norte do Rio. Músico brasileiro típico, ele, sem preciosismos preconceituosos, fundiu o que de melhor se produzia na indústria musical à época - o jazz - com o que seus ouvidos já estavam mais que acostumados a ouvir pelo subúrbio carioca - o samba.
Nascia ali a bossa nova - ou, como diziam pros lados de lá, o brazilian jazz. Símbolo de um Brasil, dos anos 50, gigante, que se mostrava bem mais que um mero exportador de matéria-prima aos grandes centros. A bossa foi uma das grandes responsáveis por revelar que a balbúrdia de raças, credos e culturas que formou o povo brasileiro foi mais que uma benção, talvez um presente divino, à nação tupiniquim.
Sob o 'codinome' Johnny - que lhe foi dado de presente por uma amiga estadunidense -, Alf influenciou grandes músicos pelo mundo, ao mostrar que o samba, em suas dezenas de variações, leva sempre uma exuberância que extasia. Assim, não foi por uma ilusão à toa que tantos nomes, de Tom Jobim a Frank Sinatra, carregaram - e que hoje muitos ainda carregam - o Silva de Alf em seus acordes. A benção, Johnny Alf!...
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