Até hoje não consigo entender como um evento que movimenta mais de R$ 30 milhões por ano pode tratar seus principais personagens assim. A culpa é de quem? Todos os anos, a ladainha é a mesma: quando a Prefeitura vai liberar a grana para construir a tão falada Fábrica dos Sonhos, versão paulistana da Cidade do Samba, do Rio de Janeiro.
Durante a campanha para reeleição, o prefeito Gilberto Kassab chegou a lançar uma pedra fundamental. Para muitos sambistas, a Fábrica dos Sonhos já virou pesadelo. Uma pena! Já na Cidade Maravilhosa, o espaço virou até atração turística. O local serve como endereço para concorridos e badalados shows. No Rio, as escolas são tratadas como patrimônio histórico da cidade. Em São Paulo, infelizmente não!
Uma das agremiações mais tradicionais da capital, a Vai-Vai, que completa no dia 1º de janeiro 80 anos de fundação, até hoje ensaia nas ruas do Bexiga, causando um grande desconforto para os vizinhos. A Nenê da Vila Matilde, fundada há 61 anos pelo imortal seu Nenê, está preparando seu carnaval em um terreno baldio da zona norte. Até quando os operários do samba serão obrigados a conviver com esse descaso?