O presidente da Estação Primeira de Mangueira, Ivo Meireles, admitiu que a vida e a obra do compositor Nelson Cavaquinho pode ser perfeitamente transformada em enredo. No próximo ano, será festejado o centenário de nascimento deste brilhante sambista, autor de clássicos como "Folhas Secas" e "A Flor e o Espinho".
"Claro que o Nelson Cavaquinho daria um grande enredo. Ele tem uma obra maravilhosa e uma enorme identificação com nossa escola. Mas não vou falar sobre o carnaval do próximo ano", tergiversou o presidente. No dia 13 deste mês, no Palácio do Samba, durante a tradicional feijoada da Mangueira, Ivo irá anunciar qual será o tema da verde e rosa para o Carnaval de 2011.
"Tenho três propostas. Mas não vou antecipar nenhuma delas para não esvaziar o evento. Não quero criar nenhuma especulação. Quem quiser saber qual será nosso tema em 2011 terá que comparecer no Palácio do Samba", insistiu Meireles.
O blog foi ouvir o presidente da Mangueira depois que os internautas Eduardo, Marcos e Guilherme Cimino lembraram do centenário de Nelson Cavaquinho. O Samba de Primeira apurou que existe uma ala da diretoria que defende o autor como enredo da Mangueira no próximo ano.
Em 2008, a antiga diretoria da Mangueira ignorou o centenário de Cartola, genial compositor que fundou, deu o nome e as cores para escola mais popular do Brasil. No mesmo carnaval, patrocinada pela Prefeitura de Recife, a Mangueira resolveu falar do frevo e quase caiu para o Grupo de Acesso.
Trajetória Nelson Cavaquinho nasceu no Rio de Janeiro no dia 28 de outubro de 1911 e morreu em 17 de fevereiro de 1986. O envolvimento de Nelson Cavaquinho com a música começou ainda na adolescência, influenciado pelo seu pai, considerado um grande violonista da banda da Polícia Militar.
Aos 20 anos, o poeta casou-se. Mais tarde, teve quatro filhos. Foi durante as rodas de samba no morro da Mangueira que conheceu os imortais Cartola e Carlos Cachaça. Nelson Cavaquinho deixou mais de 400 composições gravadas e seu nome gravado para sempre na nossa Música Popular Brasileira.
Reproduzo a letra de uma das obras-primas de Nelson Cavaquinho, composta em parceria com Guilherme de Brito.
Folhas SecasQuando eu piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola E nos poetas da minha estação primeira
Não sei quantas vezes Subi o morro cantando Sempre o sol me queimando E assim vou me acabando.
Quando o tempo avisar Que não posso mais cantar Sei que vou sentir saudade Ao lado do meu violão Da minha mocidade