"Era um show pequeno e sem grandes pretensões. Tinha um caráter intimista, mas que foi crescendo. Daí, fomos obrigados a levar o espetáculo para uma casa que comportasse mais gente", recorda o sambista, que também foi o criador do Samba do Trabalhador, projeto que leva mais de mil pessoas na zona norte do Rio em plena segunda-feira.
O ano que a turma da "Esquina Carioca" estreou na paulicéia desvairada foi em 1999.
Mais de uma década se passou, Moa ainda não esconde a saudade daquele tempo. Tanto que no último sábado, dentro do projeto "Fulô Confete - Grito de Carnaval", Moacyr Luz voltou para o palco de onde tudo começou: o bar paulista com mais alma carioca da cidade, o Pirajá. "Aqui me sinto em casa. Canto pertinho do público. Não tem coisa mais gostosa do que isso para o artista", diz Moa, considerado por muitos como o principal parceiro do genial Aldir Blanc. Juntos, os dois fizeram mais de 100 canções, entre elas, Saudades da Guanabara, que virou um hino para o carioca.
Voltando ao show da tarde de sábado, esse sambista com pinta de tijucano - Moa nasceu no bairro de Jacarepaguá -, realmente parecia estar cantando em casa. Cumprimentava seu público com peculiar atenção e chamava alguns, inclusive, pelo nome. Não hesitou em pedir para o garçon um cálice de vinho para começar a festa. Foi apenas a primeira taça de muitas que ainda viriam pela frente. O sambista carioca chegou a capital paulista debaixo de um sol infernal. Rapidamente se ajeito na cadeira, puxou seu violão e começou a tocar clássicos do nosso samba.
Logo de cara, puxou "A Voz do Morro", de Zé Keti. Do seu lado esquerdo, a companhia de Carlinhos Sete Cordas, parceiro que vem se tornando constante em todos os seus shows. Uns dois metros mais a esquerda, estava a figura doce de Tia Surica, uma das damas da Velha Guarda da Portela. Ela foi um show à parte. Os três passaram o sábado cantando - foram mais de três horas de show. Fizeram o público, principalmente os mais jovens, viajar e imaginar como eram os pré-carnavais de tempos atrás.
Em tempo, embora seja torcedor da Mangueira, Moa não é muito de escolas de samba. "Nunca desfilei. Mas todo ano vou ao Sambódromo. Fico na cozinha, lá no terreirão. Vou à concentração, dou um abraço nos meus amigos, bebo umas e outras e depois vou embora. Não sou muito de restaurante, sou de botequim", explica com bom humor, tentando justificar seu lado mais simplório.
Ao certo é que Moa, mesmo não sendo muito chegado ao carnaval e a alheio às badalações comuns dos grandes artistas, faz um um bem danado para nossa música e é hoje, sem dúvida alguma, um dos maiores sambistas de nosso país.