A vez dos pratas da casa

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Por Estadão
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O diretor-geral do carnaval da Vai-Vai, Lourival Almeida Campos, de 36 anos, é neto de um dos fundadores da escola. Cresceu e aprendeu a amar o samba no bairro do Bexiga. Cláudio Roberto, 35, tem trajetória parecida. Antes de assumir a direção do barracão da agremiação, tocou por muitos anos na bateria do mestre Tadeu. Já o historiador Fernando Penteado, 62, nem lembra mais quanto tempo está na escola. "Acho que nasci dentro dela", diz.

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Os três fazem parte do contexto da nova tendência do carnaval de São Paulo. Ao invés de pagar fortunas para os carnavalescos desenvolver seus desfiles, as escolas de samba estão começando a montar comissão, formada por gente da própria comunidade.

"Quando você forma uma comissão como essa, você descentraliza o poder. A minha, por exemplo, é motivo de orgulho. Todos, sem exceção, têm uma origem dentro da escola. Nosso carnaval não poderia estar entregue em melhores mãos", afirma o presidente Thobias, da Vai-Vai.

A Águia de Ouro e Mocidade Alegre também montaram comissões formadas por pessoas com fortes ligações na escola. "Nosso carnaval é feito por nós mesmos. A Mocidade é uma escola de muita emoção e esse sentimento é refletido no barracão e na avenida", afirma a presidente da Mocidade, Solange Bichara.

Já o carnavalesco da Águia de Ouro, Sérgio Caputo, o Gall, acredita que trabalhar em conjunto é melhor. "Juntamos todas as ideias em um único bolo. O resultado se torna mais expressivo."

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A comissão de carnaval da Vai-Vai é a maior de São Paulo, com 11 pessoas. Além dos personagens citados no início da reportagem, estão na escola Edison Paulino, o Buiú, 55, Marco Januário, 32, Janaína Penteado, 34, Adaílson Júnior, 37, Miguel Biondi, 55, Renato Maluf, 38, e Neguitão da Vai-Vai, 30.

 "Aumenta mais nossa identidade. A Vai-Vai foi muito feliz com todos os carnavalescos, que fazem parte da nossa história. Mas hoje quem toca nossa escola é nossa comunidade", diz Lourival.Para o diretor-geral de Harmonia da Vai-Vai, o Buiú, nenhuma outra agremiação consegue tirar algum componente do Bexiga por dinheiro. "Esse é nosso diferencial", afirma. "Sabemos valorizar nosso passado, nosso presente e nosso futuro", completa Cláudio.

Mesmo com esse time comandando o carnaval da escola, tudo é desenvolvido em perfeita harmonia, segundo os integrantes. Prevalece o bom senso na hora de tomar decisões. "Existe a discussão. Mas no final, é mantido aquilo que for melhor para escola", avisa Janaína Penteado.Para o tesoureiro Renato Maluf, dirigir a Vai-Vai é como comandar uma empresa.

"Essa é nossa filosofia. Mas por incrível que pareça ninguém dessa comissão é remunerado. Todos trabalham por amor incondicional", diz o tesoureiro Renato Maluf.

*Reportagem publicada na edição de hoje do Jornal da Tarde

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