"O descendente direto e mais atrevido da tanga, o fio dental é o enfant terrible da moda de praia. Lacônico e conciso como o traço de um calígrafo persa desenhando a consoante que mais intrigava Mallarmé, seu y é um triunfo da engenharia e da proporção a um passo da obscenidade. São justamente os passos que faltam para o triunfo do obsceno que o calor de janeiro indica - e que o corpo feminino usa como uma arma, um brasão, um escudo heráldico e uma tatuagem de náilon. Quem observa o corpo de uma mulher que passeia pela praia com seu fio dental apertado e preciso é capaz de sentir cintilações tão celestes quanto as que conturbavam Robert Herrick quando via em sedas passear sua Julia. As cintilações nesse caso, a bem da verdade, nem sempre são tão celestes. (...)"
(Sérgio Augusto de Andrade em "Quintessências -- Imagens que ajudam a definir o verão escandalosamente pródigo do Brasil").