Ana Clara Jabur
07 de abril de 2012 | 20h11
Roberto Nascimento – O Estado de S.Paulo
O TV On The Radio passou por seu belo cancioneiro em um set veloz e preciso. À frente da banda, o carismático Tunde Adebimpe é uma síntese das habilidades do grupo: um soul man moderno, versado em blues e efervescência punk, capaz de cantar com inflexões de gospel e no verso seguinte disparar sílabas com o abandono de um vocalista de hardcore.
O resultado, em um palco para 70 mil pessoas, é uma espécie de encruzilhada entre soul e rock alternativo, embora esta definição seja imprecisa para o trabalho artesanal dos elogiados discos que a banda produziu ao longo da última década.
As produções do guitarrista Dave Sitek são marcos do rock moderno, exemplos de como se trabalha com estéticas ao mesmo tempo experimental e popular. Assistir a um show do TV On The Radio é vislumbrar esses detalhes de longe.
O que se vê são os alicerces mais notáveis da banda: uma guitarra que disfere camadas de distorção, uma bateria compassada e acessível, e o soul de Adebimpe, que é também acompanhado pelos falsetes de Kyp Malone. São elementos que apelam a um grande público, e que fizeram do TV On The Radio uma daquelas raras bandas (como o Radiohead) que tem o respeito da crítica e uma ampla base de fãs.
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A comparação com o Radiohead serve, embora a banda inglesa tenha seja mais bem-resolvida neste equilibrio entre a música autoral e o espetáculo do que o TV On The Radio. Para Adembimpe e companhia ainda falta encontrar uma fórmula que reconstrua ao vivo a sedutora estética de seus discos. Mesmo assim, o show é de alto nível e torna-se excelente quando a banda toca suas melhores canções, como a magistarl Staring At The Sun e o hino indie Wolf Like Me.
Saiba mais sobre o festival em nosso especial do Lollapalooza 2012
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