"Só lamento ter perdido tempo desfazendo intrigas que foram criadas, fake news, acusações não verdadeiras a respeito da proposta da equipe que está comigo", continuou Regina, que não identificou os adversários. Na semana passada, antes mesmo de sua posse, Olavo de Carvalho, considerado o guru ideológico do presidente, iniciou uma ofensiva aberta contra as posições da nova secretária, pedindo abertamente sua expulsão. "Já até existe a #Fora Regina. Querem que eu me demita, que eu me perca", disse ela.
Quando assumiu o cargo, Regina demitiu funcionários identificados como seguidores de Carvalho, mas o caso mais glamouroso envolve o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, cuja destituição programada por ela foi vetada pelo presidente Bolsonaro. "É mais uma situação em que a política interfere no fazer cultural", disse ela. "Sérgio é mais ativista que gestor público, mas não quero que ele ganhe mais espaço - vou esperar a situação amenizar. E logo, a gente vai ver. O que tem a força vai ser."
A entrevista foi gravada no sábado, no apartamento de Regina em São Paulo. Ela comentou que pretende fazer ajustes na Lei Rouanet, de forma que fique acessível a mais pessoas "e não atenda aos interesses de minorias". "O dinheiro público deve ser usado de acordo com algumas diretrizes importantes porque é o que a população que elegeu esse governo espera dele", continuou ela, apontando o que considera problemático. "Você não vai fazer filme para agradar a minoria com dinheiro público - eles que busquem seus patrocínios na sociedade civil."
Depois de assumir a missão "por patriotismo", ela conta que, no cargo, pretende separar política do fazer cultural. "Têm pessoas que ocupam cargos para fazer ativismo, para se eleger nas próximas eleições. No meu caso e o da minha equipe, estamos aqui para fazer cultura."
Regina disse ainda que foi acertada a demissão de seu antecessor, Roberto Alvim, punido por fazer um discurso com insinuações nazistas. "Ele foi tomado por um personagem. Isso foi gravíssimo", observou ela, confessando ainda que ensaiava uma peça que estrearia no final de março, agora adiada por causa do cargo político. "Não me vejo com tempo e possibilidade de fazer teatro e ser secretária. Mas, vamos ver - Gilberto Gil, quando foi ministro, ainda cantava."