Desde a morte de seu marido e idealizador do evento, Leon Cakoff, em 2011, Renata tomou para si as rédeas da organização do principal festival de cinema de São Paulo e um dos mais destacados da América Latina. Cercou-se de uma equipe fiel e trabalhadora e manteve, ano a ano, a luta pela manutenção dos patrocínios. A crise econômica de 2015, porém, tornou o céu mais nebuloso - cotas antes rapidamente garantidas demoraram para confirmar; outras até sumiram e um facho de luz surgiu com a recente inclusão da CPFL. Com isso, o orçamento ficou reduzido em 40%, o que afetará na diminuição dos convidados internacionais, na ausência de festas e na mudança da sede da Mostra para outro QG, o hotel Maksoud Plaza.
"Mesmo assim, me orgulho de confirmar 312 filmes de 63 países, que ocuparão 22 endereços da cidade", disse Renata. E o cardápio, de fato, continua de primeira: o publico terá à disposição longas premiados como Dheepan, de Jacques Audiard, que conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e o venezuelano Desde Allá, de Lorenzo Vigas, Leão de Ouro em Veneza (veja mais na lista de destaques).
Além disso, a Mostra contará com deferências, como receber a estreia mundial do novo filme de Hector Babenco, Meu Amigo Hindu, que vai abrir o evento, no dia 22, e do longa Um Dia Perfeito, de Fernando León de Aranoa, que vai encerrar a maratona, em 4 de novembro. Ambos diretores estarão presentes. Não havia, de fato, como não realizar a Mostra. "Ela já se tornou parte integrante do calendário cultural de São Paulo", observou Marcos André Silva, da Petrobrás, empresa que há 14 anos patrocina o evento mas que, por motivos bem conhecidos, passa por um delicado momento financeiro. Mesmo com atraso (assim como fez a Prefeitura de São Paulo), o compromisso foi honrado e as contas, aos poucos, foram fechando.
Mesmo com um orçamento reduzido, Renata faz questão de manter o mantra do idealizador da Mostra, Leon Cakoff, para quem o público tinha de ser o principal beneficiado. Assim, além de sessões em salas tradicionais de cinema, a programação inclui uma itinerância por 10 cidades do interior paulista, graças a uma parceria com o Sesc, e uma exibição simultânea de filmes da programação em Campinas, fruto do acerto com a CPFL.
Exibições ao ar livre também continuam com força total, como a exibição de Meu Único Amor, filme mudo de 1927, que será mostrado na área externa do Auditório Ibirapuera, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Também o vão livre do Masp, que já recebeu um emburrado Pedro Almodóvar em priscas eras, será palco para a homenagem a José Mojica Marins, o criador do Zé do Caixão, que vai receber o Prêmio Leon Cakoff.
O cineasta Martin Scorsese é o autor do desenho que inspirou o cartaz e a vinheta da Mostra, que também o homenageia. "Mas não pensamos em exibir um ciclo de seus filmes, que estão facilmente à disposição do público", conta Renata. "Preferimos homenagear a atitude de Scorsese em recuperar e preservar filmes do mundo inteiro, representada pela The Film Foundation, que ele criou há 25 anos." Com a missão de manter viva a história do cinema, a entidade será lembrada com a exibição de 25 filmes selecionados entre os mais de 700 já preservados graças à sua ação.
E, por falar em recuperação, a Mostra faz ainda uma homenagem ao cineasta Mario Monicelli, que completaria cem anos em 2015, com a exibição de cinco de seus filmes. As permanentes começarão a ser vendidos a partir do dia 17, na Central da Mostra, no Conjunto Nacional.
O discurso de Renata contra a ação da crise econômica foi ouvido com orgulho por um espectador especial: Jonas, um de seus filhos com Leon. Foi a primeira entrevista coletiva da mãe a que participou. E aprovou. Alguma intenção de ingressar no comando da Mostra? "Não sei, mas pretendo estudar cinema a partir do próximo ano", disse, sorriso aberto.
PRINCIPAIS FILMES
Dheepan, de Jacques Audiard (Palma de Ouro no Festival de Cannes); Desde Allá, de Lorenzo Vigas (Leão de Ouro no Festival de Veneza); Pardais, de Rúnar Rúnarsson (Concha de Ouro no Festival de San Sebastian); A Terra e a Sombra, de Cesar Augusto Acevedo (Camera D'Or no Festival de Cannes); A Ovelha Negra, de Grímur Hákonarson (Vencedor do Un Certain Regard no Festival de Cannes); Chronic, de Michel Franco (Melhor Roteiro no Festival de Cannes); Son of Saul, de László Nemes (Grande Prêmio do Júri e Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes); Virgin Mountain, de Dagur Kári (Melhor Filme, Roteiro e Ator no Festival de Tribeca); A Bruxa, de Robert Eggers (Melhor Direção no Festival de Sundance)
SERVIÇO
PERMANENTES E PACOTES PROMOCIONAIS Permanente Integral - R$ 430,00 Permanente Integral Folha (15% de desconto para o titular da assinatura, mediante apresentação da carteirinha de assinante) - R$ 365,50 Permanente Especial (para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões noturnas) - R$ 100,00 Pacote de 40 ingressos - R$ 315,00 Pacote de 20 ingressos - R$ 185,00
LOCAL CENTRAL DA MOSTRA CONJUNTO NACIONAL - AVENIDA PAULISTA, 2073 - AO LADO DO CINE LIVRARIA CULTURA NFORMAÇÕES: De 12 a 16/10, das 12h às 18hVENDAS: De 17/10 a 04/11, das 11h às 21h