Eliana Silva de Souza
22 de setembro de 2013 | 01h10
Roberto Nascimento
Pouco depois da meia-noite, um êxodo de fãs de John Mayer deixou mais confortável o gramado sintético da Cidade do Rock. Era hora das crianças irem para cama – e de Bruce Springsteen mostrar com quantos paus se faz uma canoa ao fim de um dia marcado por sonolência e picaretices musicais. Louvado seja Bruce, por trazer um pouco de verdade a um festival com tantos artifícios publicitários e tanta grana atrelada.
“Can you feel the spirit?”, perguntou o cantor à plateia, com o fervor de um ministro negro. Sim, Bruce. Quando o senhor sobe ao Palco Mundo e a E Street Band lança mão de seus primeiros acordes vitoriosos, prometendo esperança em tempos de turbulência, sentimos, não somente o espírito, mas enxergamos o abismo entre os que estiveram lá e os “wannabes”. Como no show de São Paulo, o cantor atacou com Sociedade Alternativa, em homenagem a Raulzito. E a eficiência do cartão de visita foi percebida imediatamente: “Amigo, como chama esse bróder?”, perguntou uma garota ao repórter. “Bruce Springsteen”, respondo. “Poxa, eu não conhecia, mas ele mandou muito bem no Raul”, elogiou.
Para a nova geração, Bruce Springsteen, denominador comum da classe média nos EUA, não quer dizer muita coisa. Mas isso foi rapidamente colocado em segundo plano na medida em que a E Street Band começou a falar grosso e rosnar atrás de Bruce. Logo, faixa após faixa de pura efervescência, direto do âmago da história do rock americano, começou a construir o ímpeto do show, que duraria até bem depois do fechamento desta edição.
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