Ubiratan Brasil
24 de novembro de 2016 | 23h58
Um prêmio para a resistência – cultural, social, política. Foi assim que o escritor Julián Fuks agradeceu o prêmio de Livro do Ano de Ficção para sua obra A Resistência (Companhia das Letras), entregue no final da noite desta quinta-feira, 24, na cerimônia de premiação do Prêmio Jabuti, em São Paulo. Ele receberá R$35 mil, valor que será dividido entre os vencedores do prêmio de Livro do Ano de Não Ficção, concedido a Dicionário da História Social do Samba (Civilização Brasileira), de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas, e a Mario de Andrade: Eu sou Trezentos: Vida e Obra (Edições de Janeiro), de Eduardo Jardim.
“Eu não esperava nem ficar entre os três melhores livros de ficção, pois, nas outras quatro vezes em que participei, não me classifiquei”, comentou Fuks. Em A Resistência, ele ambienta a trama na chamada Guerra Suja, regime de terror iniciado em 1976, na Argentina. Sebastién é o filho mais novo, e seu irmão adotado, o primogênito de um casal de psicanalistas argentinos que logo buscarão exílio no Brasil. Os pais conhecem bem as teorias sobre filhos adotados e biológicos (Winnicott, em especial), mas a vida é diferente da bibliografia especializada. Cabe então ao narrador o exame desse passado violento e a reescritura do enredo familiar.