O escritor João Paulo Cuenca esperava que fosse mais tranquila e menos intimidadora a entrega de um abaixo assinado à ministra da Cultura, Marta Suplicy. Durante a cerimônia de abertura da Feira do Livro de Frankfurt, na terça à noite, ele foi procurado pelos assessores de Marta Suplicy e do vice-presidente da República, Michel Temer. "Estavam preocupados e com medo que eu fizesse uma cena", conta ele, em sua página no Facebook. Cuenca foi alertado ainda de que a segurança já estava sabendo de sua presença e intenção.
Cuenca lidera, há alguns dias, um movimento favorável aos professores (especialmente os do Rio de Janeiro) que estão em greve por melhores condições de trabalho e de salário. Escreveu um texto, com a colaboração de Luiz Ruffato e Paulo Lins, pedindo apoio dos colegas - mais de 30 já aderiram.
A intenção era entregar para a ministra, quando recebeu a intimidação. "Ofereceram encontros com os dois. Eu apenas entreguei o abaixo-assinado e pedi para que fosse repassado. Não tenho vocação para esse tipo de fotografia. De qualquer forma, as autoridades e seus representantes já tinham lido o texto", continua ele, no Facebook. "O manifesto esteve na mesa da entrada do auditório, ao lado dos textos com os discursos oficiais e, pouco depois, nas mesas do pavilhão brasileiro durante a abertura. E, claro, no púlpito onde a Ministra da Cultura leu sua fala."
Cuenca conta que conseguiu mais adesões e que até domingo, quanto termina a feira, espera por mais apoio. "A imprensa brasileira e alemã divulgaram o manifesto, o que também reforça o debate."