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Billy Crystal, agora avô

Elaine Guerini, Especial para o Estado

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Por Tania Valeria Gomes
Atualização:

LOS ANGELES - Preocupados com a imagem pública, atores acima dos 60 anos muitas vezes não admitem que se sentem rejeitados por Hollywood - uma indústria cada vez mais voltada à plateia jovem. Billy Crystal não é um deles. "Envelhecer nesse negócio é muito frustrante. Odeio quando um executivo de estúdio, de 30 e poucos anos, tem a coragem de perguntar: O que o sr. já fez mesmo no cinema?", contou o ator, de 64 anos, rindo. Após um hiato involuntário de dez anos, desde A Máfia Volta ao Divã (2002), Crystal só conseguiu encabeçar novamente o elenco de uma comédia ao desenvolver um projeto próprio. "Já que ninguém me chama mais para interpretar o cara que conquista a garota no final da história, a saída foi abraçar o papel de avô", disse Crystal, o protagonista de Uma Família em Apuros'.

 

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A ideia para o filme, em cartaz a partir desta sexta nos cinemas, nasceu após o final de semana em que o ator foi encarregado, ao lado da mulher (Janice Crystal), de cuidar do neto, enquanto a sua filha viajava com o marido. "É curioso como a nova geração de pais sempre acha que pode fazer melhor que a anterior. É esse conflito que nós exploramos na trama, de forma divertida", afirmou Crystal, marido da personagem de Bette Midler nas telas. Eles vivem os pais de Marisa Tomei, no papel de mãe neurótica, com tendência a superproteger os três filhos. Esta foi a primeira vez que Crystal e Midler dividiram um set de filmagem. "Assim que Bette e eu nos encontramos para discutir o filme, parecíamos casados há muitos anos. Instantaneamente, ela passou a terminar as minhas frases e a dizer o que eu deveria fazer."

No argumento que escreveu - entregue mais tarde para ser lapidado pelos roteiristas Joe Syracuse e Lisa Addario -, Crystal incluiu o tema da "aposentadoria forçada", que tanto o incomoda. Seu personagem em Uma Família em Apuros, Artie Decker, é um locutor de partidas de beisebol que, depois de 30 anos no ofício, é despedido - para ser substituído por sangue novo. "É terrível quando algo que amamos muito é tirado de nós pelo simples fato de estarmos envelhecendo. Eu não quero parar de me expressar. Que mais poderia fazer da vida?"

Com mais de 55 títulos na bagagem (entre filmes, telefilmes e programas de TV), Crystal ainda sente que precisa provar algo? "Sim. Seria muito triste pensar o contrário. Tive uma carreira abençoada, fazendo muito mais do que poderia imaginar. Mas não quero descanso", contou o ator, mais conhecido nas telas pelos personagens de Harry & Sally - Feitos um Para o Outro (1989), de Amigos, Sempre Amigos' (1991) e de Máfia no Divã' (1999). Atualmente, ele escreve um livro de memórias, com o selo da Henry Holt and Company. "É um olhar espirituoso e sincero sobre envelhecer. O lançamento deve coincidir com o meu 65. aniversário (a ser comemorado em 14 de março)."

O livro trará histórias curiosas sobre os bastidores da festa do Oscar, que teve Crystal como mestre de cerimônias nove vezes. "Pelo menos no Oscar a experiência parece contar a meu favor", brincou o ator, chamado para conduzir a entrega do prêmio da Academia no ano passado - depois do fiasco de 2011, com a dupla de atores James Franco e Anne Hathaway. "Consegui mudar o jeito de um apresentador se comportar na festa, ao introduzir os engraçados pout-pourris musicais." Uma noite especial para Crystal foi a de 30 de março de 1992, quando Jack Palance, aos 73 anos, levou o Oscar de melhor coadjuvante por Amigos, Sempre Amigos. "Jack brincou com a ideia de ser considerado um velho em Hollywood fazendo flexões, com um só braço, no palco. A sua irreverência deu o tom ao resto da cerimônia."

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