Assim é o desafiador novo single da banda Oto Gris, Brilhos Negros, lançado com exclusividade no blog, com um clique que deve ser digerido em duas partes.
A primeira é a canção. Faixa soturna, de vocais sussurrados de Davi Serrano, trata da distância, de um amor separados por quilômetros, que dá saudade. Serrano (voz, guitarra, synth, sequenciadores e efeitos), Victor Bluhm (bateria e percussão), Jonas Gomes (synth), Heriberto Porto (flautas), Igor Caracas (percussão e efeitos) e João Leão (synth e piano) propõem uma jornada pela solidão.
Não é uma canção de desamor, embora sua embalagem, vagarosa, sugira isso.
A segunda é o clipe. A banda cita referências que vão do belga René Magritte ao Salvador Dalí para compor a estética do vídeo. Enquanto a música seque em paralelo, o vídeo, dirigido pela própria Oto Gris, apresenta o grupo em um universo surreal - ou real - em um talk show estranho.
A entrevistadora é vivida por Soledad, cearense como os meninos da banda, uma jornalista em busca de verdades inconvenientes e azedas. Busca desavenças.
"É verdade que vocês venderam o próprio corpo para gravar o disco?", ela pergunta
"O corpo não, porque a gente é muito apegado. Mas a alma a gente vendeu geral. Deu até overbooking", eles respondem.
Ela, em outro momento, diz: "Vocês sabem que banda que não polemiza não faz sucesso."
Os diálogos, que não são ditos, são legendas, como um filme mudo, são escritos por Danislau TB, escritor e líder do grupo mineiro Porcas Borboletas, que ano passado lançou o ótimo Momento Íntimo.
"Chamamos o Danislau TB para escrever os diálogos, porque desde o começo estava claro que ele seria perfeito para essa zoeira. Ficamos muito felizes por ele ter aceitado o convite", conta Serrano.
São conversas exageradas, é claro, mas surrealisticamente reais. Veja só que contradição!