Pedro Antunes
24 de agosto de 2018 | 10h00
Tem candura nas primeiras palavras ditas por Camila Cuqui, na primeira música do novo trabalho da Musa Híbrida.
Tem dureza, também.
Tem incompreensão. E um tanto de surrealismo.
“Na tentativa abstrata de te escrever uma carta sem palavras para te contar tudo o que aconteceu além do mar…”, ela diz.
É assim que tem início Pirata, a canção escolhida por Piscinas Vazias Iluminadas em Pé (PVIP), o álbum do trio de Pelotas (RS) lançado nesta sexta-feira, 24, com realização do edital Natura Musical e distribuição dos selos Escápula Records, PWR Records e Selo 180 (responsável pela produção e distribuição em disco de vinil).
E, é claro, exclusivo aqui do blog.
A versão de álbum-visual de Piscinas Vazias Iluminadas em Pé, da Musa Híbrida, pode ser assistida aqui:
Piscinas Vazias Iluminadas em Pé sucede o EP Respirei o Poema Cuspi, lançado por Cuqui (voz, baixo, bandolim e guitarra), Alércio (voz, baixo, guitarra e programações de luz) e Vini Albernaz (synths, beats e programações eletrônicas) dois anos atrás.
O salto estético, contudo, é enorme. Poético também. E experimental? Nem se fala.
E o fazem com um baita elenco de participações especiais. O disco conta com: LaBaq, Maurício Pereira, Aíla, Angélica Freitas, Bel, Gali, Juliana Perdigão, Laura Bastos, Obinrin Trio e Juliana Strassacapa.
A verdade é que, quando a primeira audição de Piscina Vazia Iluminadas em Pé chega ao fim, parece que somos jogados de volta à realidade dura, a nossa, na qual tudo parece burocrático, menos colorido, asséptico, sem graça.
Sim, a Musa Híbrida pinta a realidade ao nosso redor.
Transforma-a com cores quentes, com objetos que, por vezes, se derretem, transformando em algodão o que, por vezes, é duro e concreto.
Com as 13 canções que compõem o terceiro álbum cheio da banda, o trio experimenta sensações quase reais.
Ou melhor, distorce o que há de real (amores, amarguras, questões sociais e de gênero, tudo o que pescaram da nossa sociedade torta) para encaixar no universo estético particular da banda, que salta das batidas eletrônicas tortas, estranhas, para notas ao bandolim, sem pudor e sem medo.
Como a ideia de se tentar, de forma abstrata, escrever uma carta sem palavras. Não faz sentido. Mas faz também. Entende?
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