Luz ou escuro? Não. Luz e escuro. Um não precisa excluir o outro.
Marcelo Gross, músico gaúcho do Cachorro Grande, se aprofunda na dicotomia da vida cotidiana. Na barulheira da guitarra roqueira e na suavidade do violão.
Acontece que, em Chumbo & Pluma, o segundo disco solo dele, a guitarra não só é agressiva e o violão nem o violão se limita às carícias.
Nesse álbum duplo, com uma hora e 30 minutos de duração, Gross é tudo ao mesmo tempo, mas estabelece uma organização. Divide as canções em um grande lado A, na qual a guitarra direciona seus versos, e um lado B, conduzido por baladas em ritmo desacelerado.
São um total de 21 músicas e Gross encontra o melhor no momento de intersecção involuntário entre seus dois lados.
Me Recuperar, segunda faixa do álbum, por exemplo, resgata o rock setentista sorvido às goladas pelo Cachorro Grande. Tem seu acerto na distorção de uma guitarra bem blueseira e nos versos confessionais, tudo sem pressa.
Purpurina, ainda do lado A, é despretensiosamente efervescente, outro gol do gaúcho.
Na segunda metade do disco, Gross se abre mais para a psicodelia e piração.
Cabaré é quase céltica, uma música arthuriana sobre uma prostituta dos tempos modernos, solitária. Eu Não Queria Acordar também dialoga com essa levada que beira a insanidade.
Depois de um disco eletrônico com o Cachorro Grande, o Electromod, do ano passado, Gross mostra que nas suas veias é o rock que pulsa, seja ele barulheiro ou silencioso. Ainda bem.
Ouça, abaixo, Chumbo & Pluma:
O disco, produzido por Gross, Lucas Mayer e Clayton Martin chegou hoje às plataformas digitais. Também estrá disponível em CD, K7 e LP no segundo semestre. Abaixo, veja o serviço do show de lançamento, marcado para este sábado, 27.
Marcelo Gross lança 'Chumbo e Pluma' Centro Cultural São Paulo. Sala Adoniran BarbosaNeste sábado, 27, às 19h. R$ 25.