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Indie, pop, rap, dance, jazz, disco, punk, etc.

Laura Lavieri faz do "desastre" um recomeço e, solo, canta a explosão em 'Desastre Solar'; ouça

Laura Lavieri sabia que o fim estava ali, mas ninguém dizia nada. Do silêncio, a angústia da cantora se alimentava. Ficou doente, ficou deprimida.

Por Pedro Antunes
Atualização:

Cantora de explosões vocais nos dois discos de Marcelo Jeneci (Feito Pra Acabar, 2010, e De Graça, 2013) e das turnês subsequentes e extenuantes, ela se sentia minguar.

E, pequenina, Lavieri é uma explosão. Precisa se alimentar disso.

Laura Lavieri ( Foto: Karin Santa Rosa)

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Foi um processo, e sempre é, essa coisa de se lançar como artista. Laura, por exemplo, viveu num ambiente histórico e artístico no qual o compositor era quem também cantava. E quem cantava era quem compunha.

Até que ouviu uma entrevista com Elis Regina, vozeirão da época na qual cantores poderiam ser apenas cantores - e não existiria o uso da palavra "apenas", cantar seria suficiente.

Da extinção estrelar vivida por Laura nos anos anteriores, veio um novo big bang ali. Renascimento.

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Desastre Solar é o primeiro disco de Laura Lavieri, mesmo que os dois álbuns com Jeneci possam ser considerados dela também. Agora, contudo, é Laura quem está a frente do trabalho.

Ao seu lado, ela tem o grande Diogo Strausz, músico e produtor carioca, com quem ela passou a ter trocas musicais desde 2015. No ano seguinte, eles experimentaram soltar a primeira parte da parceria entre eles, com a música Quando Alguém Vai Embora.

É uma faixa de transição, aliás. Mais conectada com os tempos de Jeneci do que com a musicalidade de Laura Lavieri de agora.

Strausz trabalhara com Alice Caymmi no celebrado disco Rainha dos Raios e era, de fato, uma escolha inteligente por parte de Laura para comandar a estreia dela.

Porque o produtor sabe temperar com o pop e com o experimental. E sabe tirar o melhor da voz que está ali ao microfone.

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Laura precisava soar como uma explosão. Um renascimento. E o faz.

Desastre Solar não é um álbum derivado dos tempos de Jeneci. É recomeço - estético, inclusive. Ou uma continuação do caminho. Ela ri, acha que vai desapontar aqueles que buscavam a Laura daquela época. O "desastre" do título está nisso, também.

Com uma curadoria afiada, contudo, Laura cria a narrativa para a sua nova persona musical. De Respeito, faixa poderosa escrita por Sostenes Rodrigues, passando por Radical, dos Novos Baianos.

Grande acerto é a dobradinha, em sequência, com o encontro de dois mundos tão distintos (infelizmente), mas igualmente poderosos.

De Gui Amabis vem Mais um Whiskey, faixa aliás lançada por ele recentemente no seu disco Miopia, uma canção de desalento, fundo do poço, de desencontro e desamor.

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Na sequência, do indie ao pop, vem Deixa Acontecer. Laura, Diogo e a banda-base -  formada por João Erbetta, Alberto Continentino, Ricardo Dias Gomes, Pedro Fonte e o próprio Strausz -, racham o coco do ouvinte com a excelente Deixa Acontecer.

Sim, aquela do grupo Revelação, aquela que só de ler o título vai grudar na sua cabeça até o final desta sexta-feira.

Música, essa, que foi uma das primeiras de Laura para o álbum. Enquanto ela chorava, na saída de um relacionamento, ouviu da vizinha de prédio a canção em looping. Foi o recomeço para ela em muitos sentidos.

E, Desastre Solar, afinal, é feito de recomeços - há, inclusive, uma canção de Jeneci e Isabel Lenza. E disso, nós entendemos bem. Laura Também.

(Siga o autor do blog e conheça o 'Tem um Gato na Minha Vitrola', um programa de música feito nos stories do Instagram)

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OUÇA DESASTRE SOLAR

FAIXAS DO DISCO: 1. Desastre Solar (Intro) (Diogo Strausz) 2. Radical (Novos Baianos) 3. Respeito (Sostenes Rodrigues) 4. Mais um Whiskey (Gui Amabis) 5. Deixa Acontecer (Carlos Nascimento/Alexandre Oliveira) 6. Tudo Outra Vez (Lucas Oliveira) 7. Tira a mão (Marcos Valle) 8.Me dê a mão (Jonas Sá) 9. Sol do Céu (Alberto Continentino e Fernando Temporão) 10. Me sinto bem (Marcelo Jeneci e Isabel Lenza) 11.Estrada do Sol (versão de Alle Porte del Sole)

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