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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Vida', uma xerox bem tirada de 'Alien', com tensão a rodo

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
O ótimo ator Hiroyuki Sanada é um dos destaques do sci-fi de horror "Vida", de Daniel Espinosa: ameaça estelar  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECAXerox descarada de Alien, O Oitavo Passageiro (1979), mas filmada com competência invejável, Vida (Life) é uma mistura precisa de terror, sci-fi e star quality capaz de dar uma recauchutada no filão "filme de monstro" pelo domínio do suspense (e o capricho visual) do diretor sueco de origem chilena Daniel Espinosa. É o longa-metragem de mais caloroso boca a boca aqui em Atlanta, EUA, onde o P de Pop se embrenha em uma missão etnográfica. Sua chegada ao Brasil anda baqueada pela recepção fria nas bilheterias do restante do território estadunidense, mas é uma pena deixar o (até agora) mais caprichado exercício de ficção científica do ano passar batido. É um ano farto para o gênero, que começou pagando mico com Passageiros, mas com augúrios de mais e melhores dias pela frente, a julgar pela vinda de Alien - Covenant e de Guardiões da Galáxia - Vol. 2, além da espera pelo francês Valerian, de Luc Besson, que pode ser o título de abertura do Festival de Cannes (17 a 28 de maio). Mas, enquanto estas pérolas não saem do garimpo, Espinosa nos enriquece com um elenco de peso (Jake Gyllenhaal, quando quer trabalhar, brilha longe), no qual desponta o ator japonês Hiroyoki Sanada.

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Cabe a ele o posto da sabedoria em uma estação espacial transformada em açougue no momento em que uma criatura ET - encontrada e bem tratada por uma equipe de astronautas de múltiplas nacionalidades da Terra - resolve morder a mão que teve prazer paternal em alimentá-la. Com exceção de cenas em que a direção de arte chupa referências de 2001 - Uma Odisseia no Espaço de forma escancarada, Vida dá cabo desse enredo de morticídio a partir de uma estrutura narrativa de fliperama. Pouco se explora a ambientação tecnológica e a náusea existencial da imensidão estelar. O foco é a correria e a adrenalina que o alienígena, em formato de molusco, gera. Essa toada tensa é amplificada na montagem. Jake é um dos agentes da Nasa - o mais heróico. Mas é da natureza de Espinosa a aposta do niilismo, o que conduz o filme a um final com cheiro de surpresa.

Jake Gyllenhaal em apuros nas estrelas  Foto: Estadão

Seu ápice é um contraplano no qual uma série de estudantes, diretamente dos EUA, fala para as câmeras sobre a alegria de saber que os eleitos da corrida interplanetária tiveram acesso a um ser vivo de outros mundos. Isso antes de o tal ser salivar de fome. É uma sacada de humanização e de provocação de um diretor que anda inovando fórmulas desgastadas.

p.s. 1: O evento mais concorrido aqui de Atlanta na quarta foi uma projeção aberta para agentes de segurança e policiais da série Bosch, da Amazon TV, armada numa das salas do multiplex Regal, a fim de popularizar a trama estrelada por Titus Welliver.

p.s. 2: Nesta quinta sai a lista de indicados de Cannes, para a 70ª edição do festival francês, que periga ter O Grande Circo Místico, de Carlos Diegues, entre os candidatos à Palma de Ouro, e brasileiros como Mormaço, de Marina Meliande, e o terror As Boas Maneiras, de Marco Dutra e Juliana Rojas, em alguma seção de peso do evento.

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