Rodrigo Fonseca
22 de setembro de 2019 | 09h24
RODRIGO FONSECA
Num esforço para harmonizar os ânimos audiovisuais entre cinema e TV, nestes tempos de apogeu da dinâmica narrativa das séries, San Sebastián, a cota da Espanha no G7 dos grandes festivais de cinema da Europa (e do mundo), aposta em uma maratona de 240 minutos de folhetim com uma projeção em tela grande, na íntegra, dos oito episódios de “Vida perfecta”. Escrito e dirigido pela atriz catalã Leticia Dolera, com inspirações na teledramaturgia de terras escandinavas, este seriado acompanha a jornada afetiva de três amigas às voltas com revisões de seus amores, de sua orientação sexual e de suas certezas acerca das opressões contra os signos da força feminina. É uma aula de sororidade, com a grife Movistar+, que foi projetada com um só intervalo, de 15 minutos, na sala Velódromo.
“Graças aos sanduíches que serviam pra gente durante a concepção do roteiro, com meu colega e amigo Manuel Burque, conseguimos sobreviver a dois anos de labuta na escrita de uma história que busca criar pontes de empatia”, disse Letícia ao P de Pop, sob aplausos calorosos da ala espanhola da imprensa. “Falamos de sexualidade, falamos de mães e pais que vencem necessidades especiais, falamos de tabus”.
“O foco aqui está nos atalhos afetivos que as pessoas pegam ao viver”, disse Burque.
Na trama, María (papel de Leticia), Cristina (Celia Freijeiro) e Esther (Aixa Villagrán) são três amigas, na casa dos 30 e poucos anos, que se encontram sob o fogo cerrado das escolhas terminais da vida adulta, sendo a homoafetividade uma das situações novas que mexem com as emoções delas, de formas distintas. “É uma história sobre instabilidades e convicções, e a câmera se movia de forma a vasculhar as sombras das personagens”, disse Leticia.
San Sebastián projetou os oito episódios da série da Movistar em tela grande, com um intervalo de 15 minutos
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