Rodrigo Fonseca
01 de julho de 2017 | 12h23
RODRIGO FONSECA
É dia de encontro com um mito da Colômbia nas telas: Luis Ospina. Aclamado na Europa por cults como Vampiros da Miséria (1977) e Um Tigre de Papel (2008), este mítico cineasta de 68 anos conversa neste sábado, às 15h, com o público do Rio de Janeiro, na Caixa Cultural. Até 9 de julho, a instituição seria uma delicada retrospectiva do diretor, que passa em revista seu estilo brutalista, entre o Real e o horror simbólico.
No evento da Caixa, a curadoria é de Lúcia Ramos Monteiro, que trouxe Ospina ao Brasil, para falar de resistência, longevidade autoral, paradoxos documentais e da recente visibilidade de seu país em telas do exterior. Neste terça, às 19h, ele tem mais uma palestra, ao lado do documentarista João Moreira Salles (Entreatos).
“Não acredito que a palavra REAL deva ser aplicada ao cinema documental. Essa associação vem de uma falácia que surgiu ainda na gênese do cinema, quando grandes diretores como Dziga Vertov equipararam o documentário a um ideal de ‘verdade’. E esse (pre)conceito estendeu-se ao longo dos anos 1950 e 60 com os chamados cinema verité e ou cinema direto”, diz Ospina ao P de Pop. “Vários dos meus filmes documentais questionam a essência do documentário, como, por exemplo, Agarrando Pueblo e Un Tigre de Papel. Eles questionam os dispositivos que o documentário usa para distinguir fato e ficção, verdade e mentira. Os falsos documentários estimulam um sentido crítico porque perguntam de quem é a realidade e põem em xeque a razão de alguém narrar nossa história. O espectador deve ter o direito de decidir que realidade ele aceita como referência”.
Ospina anda em alta lá fora também: ele está na disputa pelo troféu Platino, uma láurea encarada como o Oscar da integração latino-americana, conectando todo o continente e territórios ibéricos. Ele está o páreo da estatueta hispânica na categoria Melhor Documentário, por Todo Comenzó Por El Fin. Os ganhadores serão conhecidos no dia 22 de julho, em um evento em Madri.
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