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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Tem 'Sicário: Dia do Soldado' à noite na TV

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Benicio Del Toro é um agregado da CIA que realiza sua vingança em "Sicário: Dia do Soldado": tem sessão dublada dele, às 22h30, na Record  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Tem Berlinale aberta ao público alemão até domingo e, segundo notícias que fervem de lá, da ala de mercado do festival germânico, o cineasta Stefano Sollima, de "Sem Remorso", vai rodar um western à moda dos spaghetti de sua pátria, num revival do filão, chamado "Colt". Quem quiser conhecer melhor a (boa) grife dele, tem uma chance e tanto esta noite, em que a Rede Record exibe seu espetacular "Sicário: Dia do Soldado" (2018) na TV aberta, às 22h30, dublado pelo estúdio Dublavídeo, na sessão "Super Tela". É a continuação do cult "Sicário", lançado em Cannes, em 2015, por Denis Villeneuve. A exibição do longa de Sollima, esta noite, na televisão, dá espaço a um debate sobre a relevância das formas de se representar a violência. Gênero soberano da estética comercial americana dos anos 1980, o cinema de ação foi condenado ao limbo nos anos 1990, sob a foice do politicamente correto, o que gerou a queda de seus ícones, como Van Damme e Steven Seagal, e a conversão de um de seus mitos, Schwarzenegger, em político - hoje sem cargo. Schwarzie vem tentando se reinventar em comerciais, como Zeus, mas não vem alcançando êxito. Já Stallone deu mais sorte. Como veio do drama, no papel de Rocky Balboa, Sylvester conseguiu se reinventar por outras vias e criar uma franquia quase vintage para o filão: "Os Mercenários" ("The Expendables"). Apareceu ainda para os filmes de ação uma saída pelas veredas do humor: Will Smith e Jackie Chan transformaram o heroísmo em chanchada, em filmes policiais de tintas cômicas. Mas a necessidade de se expurgar os males governamentais que adoecem o mundo nas mais diferentes latitudes, fez com que o cinema de ação encontrasse na linha política uma forma de escoar sua estética. Eis o ponto em que entra a grife "Sicário", fortalecida agora por um segundo longa-metragem tão bom quanto o projeto que o originou. A alternativa a essa dita "ação política" seria uma narrativa cinemática como a de "John Wick", um marco da década de 2010, com Keanu Reeves no apogeu de sua popularidade.

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Orçado em US$ 30 milhões, o "Sicário" original foi concebido como um atestado de talento para Hollywood checar se Villeneuve estava apto, ou não, a pilotar projetos de peso, como os irretocáveis "A chegada" (2016) e "Blade Runner 2049" (2017) e o insosso "Duna" (2021). Porém, o que surgiu só como um teste, rendeu frutos impensáveis: uma bilheteria de US$ 84 milhões, três indicações ao Oscar e uma vaga na disputa pela Palma de Ouro de Cannes. Havia um certo medo, em sua estreia, de que ele não passasse de um decalque de "Traffic" (2000), de Steven Soderbergh. Mas sua reflexão criminal vai por outro caminho, mais próximo dos thrillers de Costa-Gavras dos anos 1970 e 80, como "Missing", Palma de Ouro de 1982. Do somatório dos variados dividendos do primeiro "Sicário", nasceu uma franquia. A parte dois - "Dia do Soldado" -, é pilotada com graça por Sollima, mais conhecido por seu trabalho nas séries de TV "Romanzo Criminale" e "Gomorra". Sua direção é tão engenhosa narrativamente quanto a do filme original. A manutenção de Taylor Sheridan (um dos maiores roteiristas dos EUA hoje), no comando do script, preservou o vigor do nº1. Perde-se um pouco na troca de fotógrafo (sai o mago Roger Deakins; entra Dariusz Wolski, mais seco), mas as cenas de ação seguem tensas, dirigidas com virtuosismo. Há, agora, mais humanidade no agente Matt (Josh Brolin, contagiante), operativo da CIA que manipula quem pode a fim de combater os cartéis do México. Benicio Del Toro segue monumental na pele de Alejandro, um vingador por quem Matt tem respeito. Sollima dá ao longa-metragem tons de espetáculo, mas mantém o tônus trágico - e político - do filme anterior sobre a chaga do narcotráfico. No Brasil, Jorge Vasconcellos dubla Del Toro.

p.s.: Estima-se que o 75º Festival de Cannes, agendado de 17 a 28 de maio, vá exibir "Los Viejos Soldados", de Jorge Sanjinés (Bolívia). O veteraníssimo diretor de "A Nação Clandestina" (1989) regressa à ficção para narrar a jornada de um grupo de revolucionários da América Latina hoje, numa luta contra contratempos do capitalismo.

p.s. 2: Na madrugada desta segunda, lá pela 1h, o Cinemaço da Globo exibe "Kill Bill - Volume 1", de Quentin Tarantino.

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