"L'Adieu à la nuit", exibida fora de concurso na Berlinale, em fevereiro, ampara-se em uma atuação formidável de Catherine Deneuve. Ela vive uma criadora de cavalos, num rancho do interior, que recebe a visita de seu neto, Alex (Kacey Mottet Klein), para o que parece ser uma despedida. O rapaz diz a família que está indo para o Canadá. Mas Muriel, a personagem de Catherine, logo se dá conta de que há algo torto nesta história, uma vez que o jovem converteu-se ao Islã e faz disso uma bandeira de revanchismo. "Existe uma inteligência inerente ao tempo, e às cacetadas da vida, inegável nas ações dessa mulher discreta que Muriel é. Mas existe também muita tolerância em seus atos. Tolerância que dá lugar à apreensão", disse a veterana atriz em Berlim, sem jamais criticar as escolhas éticas dos signatários das causas do Islã.
Téchiné é o primeiro a ressaltar a posição sem julgamentos morais de "L'Adieu à la nuit". "O que mais me interessa aqui é estudar as reações dessa mulher ligada à terra, ao campo, e ver como tudo ao seu redor muda. A curiosidade é saber o que ela pode fazer para salvar o neto", disse ele em Berlim.
Laureado em Cannes, em 1985, pelo brilhante "Rendez-vous", obra-prima de uma trajetória artística iniciada em 1965, o cineasta confiou à trilha sonora de "Adeus..." a Alexis Rault, que apresenta uma partitura memorável. Em sua estreia na França, o longa vendeu 100 mil ingressos, consolidando a força comercial do cineasta.