Para brigar de igual para igual com a Marvel nas telas, agora que não conta mais com o gênio de Christopher Nolan à frente do Homem-Morcego, a DC Comics resolveu fazer sua "Casa dos Artistas" e colocar todos os seus pesos-pesados num filme só, a fim de encarar a Guerra Civil dos Vingadores de Stan Lee. De uma narrativa febril, capaz de modular ação e razão com equilíbrio, Batman vs. Superman: A Origem da Justiça é um rascunho para uma leva de filmes de equipe que a editora planeja, via estúdios Warner Bros., para os próximos anos, incluindo o esperado Esquadrão Suicida, previsto já para agosto, com Will Smith de Pistoleiro e Jared Leto de Coringa. O que o longa-metragem centrado no confronto do último filho de Krypton contra o Cruzado de Gotham City dá de mais valioso à comunidade cinéfila é a evolução autoral de seu realizador: Zack Snyder. Ao longo dos últimos 12 anos, desde sua consagração popular com o horrorMadrugada dos Mortos (2004), o cineasta se destacou como uma espécie de profeta do niilismo, retratando a derrocada da esperança e a fé no heroísmo. Aqui, ele quebra mitos das HQs a fim de promover um ensaio sobre o desamparo, apoiado no empenho de Ben Affleck para provar ser um bom Bruce Wayne. O esforço compensa: a atuação dele convence e empolga, além de fazer avançar a representação cinematográfica do personagem de Bob Kane e Bill Finger para além das fronteiras do trauma existencial. E a interpretação de Jessé Eisenberg como um Lex Luthor que baba de loucura consegue amplificar um vilão imortalizado pelo talento de Gene Hackman. Belo trabalho Snyder fez.