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'Severina': atração obrigatória ainda em cartaz

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Passando a programação do circuito carioca em revista, "Severina" salta aos olhos como um filme que não pode ser esquecido na hora de se pensar quais foram os melhores lançamentos do primeiro semestre no Brasil: tem sessão às 17h35, no Estação Net Botafogo. Aqui, a paixão adoece o protagonista desta inquietante história sobre Quixotes pós-modernos: bibliófilos que dão aos livros autonomia plena sobre sua existência, até uma Dulcineia de carne, osso e caráter duvidoso aparecer. No caso, Ana (Carla Quevedo), enigmática mulher cuja perversão é roubar livros e amolecer suas vítimas com sorrisos homicidas. Sua trama se ambienta numa Alexandria de esquina: uma livraria lotada de tesouros verbais.

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Há aqui, nas garras de Ana, um Cavaleiro da Triste Figura, só que mais realista do que o nobre de La Mancha esquadrinhado por Cervantes: chama-se R. e olha para o mundo com a ressaca dos que escondem gigantes sob a forma de moinhos de vento no peito. R. é vivido por Javier Drolas, ator argentino de numerosas ferramentas dramáticas, ocultas sob suas feições de galã atormentado. Conhecemos ele de "Medianeras" (2011), um dos filmes de amor mais analgésicos desta década.

Lançado em mostra paralela do Festival de Locarno de 2017, "Severina" é um filme sobre o imaginário literário e amoroso de um continente hablante da língua de Jorge Luis Borges: mas um imaginário que tenta transcender o melodrama. Seu roteiro é construído a partir de uma conversa direta com a obra do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (autor de "Os surdos"). Essa conversa vira imagem a partir da fricção entre as reflexões existenciais de Hirsch e a mirada que o fotógrafo português Rui Poças tem sob a intimidade alheia.

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