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Selton Mello injeta vida em 'Meu Amigo Hindu', o abre-alas da Mostra de SP

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Selton Mello (aqui em cena de "Billi Pig", produção da Bananeira Filmes) está no elenco de "Meu Amigo Hindu", de Hector Babenco, que abre a Mostra de SP nesta quarta (21) Foto: Estadão

Ninguém sabe ao certo o que há de tão misterioso no personagem de Selton Mello em Meu Amigo Hindu, novíssimo longa-metragem do mestre Hector Babenco que abre a 39ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nesta quarta-feira, dia 21, com projeção a partir das 20h no Auditório do Ibirapuera. Mas, com ou sem enigmas, é sempre motivo de comemoração ver o ator e diretor mineiro de volta às telas, diante das câmeras. Sua última aparição foi em Trash - A Esperança Vem do Lixo (2014), de Stephen Daldry. Depois de seu sucesso como realizador em O Palhaço (2011) - precedido pelo subestimadíssimo Feliz Natal, uma joia de 2008 que merece ser redescoberta e rediscutida -, ele está hoje às voltas com a montagem de seu terceiro longa como cineasta: O Filme da Minha Vida, do qual o francês Vincent Cassel é intérprete. Mas os compromissos com o verbo "dirigir" não diminuíram o empenho de Selton com o verbo "atuar": assunto da entrevista a seguir, com lembranças de sua experiência com Babenco nos sets e de sua troca com Willem Dafoe, astro do longa de abertura da Mostra. Aliás, na seleta do festival, o filme terá uma segunda sessão no dia 25, às 21h, no CineArte 1, sendo sempre precedido por uma exibição de um making of dirigido por Bárbara Paz, mulher de Babenco e atriz de Meu amigo... (no qual tem um papel central para a evolução do protagonista, o cineasta em luta contra uma doença terminal Diego, vivido por Dafoe). Com vocês... Selton Mello:

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Como foi a experiência de voltar às telas, como ator, pelas mãos de um diretor mítico como Hector Babenco, assumindo um personagem nas raias do mistério e do encanto? De que maneira o processo dele te impressionou? SELTON - Sou um grande admirador da obra do Hector. Eu me lembro ainda hoje como Pixote me foi marcante, visto pela primeira vez na adolescência. Essa experiência agora foi especial, mas curta. Nosso convívio foi bem estimulante. Ele me entregou o personagem mais inusitado do filme. Não posso dizer o que é para o público curtir. Adorei contracenar com um ator tão especial que é o Willem Dafoe, um cara que admiro de tantos filmes. Na verdade, já o conhecia porque o Seu Jorge (que trabalhou com ele em A Vida Marinha com Steve Zissou, de Wes Anderson, de 2004) já havia nos apresentado. Então, foi divertido fazer as cenas ao seu lado. Fico feliz de poder ter contribuído com a obra desse cineasta que admiro bastante.

O ator mineiro firmou seu nome como realizador em "O Palhaço", visto por cerca de 1,5 milhão de pagantes Foto: Estadão

Depois de processos muito radicais como cineasta em formação, vide os longas Feliz Natal e O Palhaço, como fica a experiência de atuar para você? Ainda é um processo que te desafia? O quanto? SELTON - Vivo lá e cá. Estar na frente e atrás do balcão, pra mim, já é algo natural e uma coisa estimula a outra. Quando atuo estou ali a serviço da linguagem do diretor e sempre tentando oferecer o melhor possível dentro de minhas limitações.

Você fez também a série nova do diretor Vinícius Coimbra e da roteirista Manuela Dias na TV Globo, uma adaptação para o início do século XX do romance Ligações Periogosas? Como foi?SELTON - Ligações Perigosas foi um trabalho absurdamente prazeroso. Valmont é um personagem clássico da literatura com o mesmo peso de um Hamlet, por exemplo. Emprestei uma latinidade, uma virilidade, bem distante da versão do Malkovich (que viveu o nobre sedutor em filme dirigido pelo inglês Stephen Frears em 1988). É um personagem cheio de possibilidades. Amei trabalhar com Patricia Pillar e Marjorie Estiano, duas atrizes fabulosas. Estréia em janeiro na Globo.

Selton com o francês Vincent Cassel em foto (de paula Huven) com Vincent Cassel no set de "O Filme da Minha Vida" Foto: Estadão

Para quando podemos esperar O Filme da Minha Vida e de que maneira a experiência de tê-lo filmado modificou a sua escrita como cineasta, a sua relação com a câmera? O que veio de saldo mais valioso desta empreitada?  SELTON - Nunca sei avaliar com distanciamento. O que posso dizer é que foi uma experência comovente. Adaptação de um belo livro do Antonio Skármeta, autor de O Carteiro e o Poeta, que me ofereceu os direitos depois de assistir ao meu filme O Palhaço. Vincent Cassel e Johnny Massaro são meus extraordinários protagonistas. No elenco, que me deixou muito orgulhoso, contei ainda com Bruna Linzmeyer, Ondina Clais, Beatriz Arantes e Rolando Boldrin. Estamos no início de montagem e acredito apresentar ao público no meio do ano de 2016. Tive a felicidade de retomar a parceria com Walter Carvalho 18 anos depois de Lavoura Arcaica e isso foi bonito de viver. Espero que o filme encontre seu caminho e que toque as pessoas que se depararem com ele.

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