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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Rastros de Debra Granik na HBO

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca - #FiqueEmCasa Nesta madrugada, à 1h, a HBO vai exibir um achado da Quinzena dos Realizadores de Cannes, de 2018, que viaja pela pobreza do universo rural americano em decadência: o drama "Sem Rastros" ("Leave No Trace"). Realizadora do seminal "Inverno da alma" (2010), que revelou a atriz Jennifer Lawrence, Debra Granik dirige esta trama triste sobre isolamento, centrada na luta de dois eremitas, a adolescente Tom (Thomasin Harcourt Mckenzie, de "Jojo Rabbit") e seu pai, Will (Ben Foster, em estonteante atuação), para se adaptar a uma nova realidade, mais urbana, depois de anos vivendo num bosque. Laureado com 17 prêmios internacionais, o longa-metragem está no HBO Go também, para quem optar pelo streaming. "Filmamos no Oregon, em um bosque de beleza estonteante, onde as teias de aranha tinham sua arquitetura realçada pela luz, mas trabalhamos sob fortes chuvas, o que dificultava o trabalho, muitas vezes, mas nos unia. E é um filme silencioso, no qual o olhar do pai comunica toda a verdade de sua alma para a personagem de Thomasin", disse Debra ao P de Pop em Cannes.

Elogiado por seu desempenho em filmes como "O Mensageiro" (2009) e "360" (2011), de Fernando Meirelles, Foster cria a figura de Will com a retidão de um samurai. "Ele é uma espécie de guerreiro espiritual, que se move a partir de um código de respeito à natureza e de um trauma oriundo de suas vivências de combate", disse Foster ao "Estadão" na Croisette. "Na preparação para as filmagens, fui cortando muitos diálogos com a ajuda de Debra. Eu precisava me limitar ao essencial, até pelo fato de que ser pai é um exercício constante de humildade". Vai ter mais uma sessão de "Sem Rastros" no dia 28, às 11h45, na HBO a cabo, e mais um repeteco no dia 5 de maio. Este ano, Foster será visto em "Harry Haft", biopic de um controverso boxeador pilotada por Barry Levinson.

 Foto: Estadão

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p.s.: Exibido no Festival de Havana e já lançado em SP, RJ e no DF, "Ainda temos a imensidão da noite", joia de Gustavo Galvão, que trouxe os melhores augúrios para a abertura da temporada 2020 do cinema brasileiro, entra em streaming nesta quinta-feira, dia de Ogum, no Vivo Play e no Oi Play. O diretor e sua corroteirista e produtora, Cristiane Oliveira (de "Mulher do pai"), vão conversar com o público ao fim da projeção. Sua protagonista, a trompetista Ayla Gresta, é um achado, com uma atuação vívida e cortante. Realizador de "Nove Crônicas para um Coração aos Berros" (2012) e do cult "Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa" (2013), Galvão faz nesse novo longa-metragem uma espécie de "Round Midnight" do BRock dos anos 2010. É pura vontade (d)e potência: um ensaio existencial sobre geografias, a de Brasília e a de Berlim, sob acordes do rock. Bonito de ver e viver. A trama: cansada de lutar por um lugar ao sol com sua banda de rock, a vocalista e ás do trompete Karen (Ayla) decide ir embora do Distrito Federal. Ela vai deixar para trás a realidade brasiliense, abandonando a metrópole que seu avô, hoje muito adoentado, ajudou a construir. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda Artur (Gustavo Halfed), que tenta a sorte na capital alemã. O convite parte de Martin (Steven Lange), amigo alemão com quem os dois fecham um triângulo imprevisível. Em solo alemão, sob um frio rascante, amores, disputas, porres, solfejos vão marcar o desterro de Karen.

p.s.2: Às 23h10, tem um show de Leandro Hassum na TV, no "Cinema Especial" da Globo, à frente de "Até Que a Sorte Nos Separe 3" (2015), uma inspiradíssima neochanchada que encerrou uma das mais rentáveis franquias do Brasil em circuito na década de 2010.

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