Foto do(a) blog

De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Querência' a caminho das telas

PUBLICIDADE

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Pela programação em oferta no Ingresso.Com, "Querência", do mineiro Helvécio Marins Jr., exibido na seção Fórum da Berlinale 2019, entrará em circuito na semana que vem, após quase dois anos na fila, abrindo espaço nas salas exibidoras para trabalhos de timbre experimental. Um dos mais importantes eventos da indústria do cinema mundial (ao lado de Cannes e de Veneza), o Festival de Berlim foi levado por Helvécio a um mergulho naturalista no sertão de Minas Gerais, numa narrativa que evoca o mítico diretor Humberto Mauro (1897-1983) e seu "Carro de bois" (1974). A mostra Fórum embarcou numa viagem afetiva, sensorial e mauriana para Unaí, a 590 km de Belo Horizonte. Foi lá que o cineasta (codiretor de "Girimunho", com Clarissa Campolina) estruturou a narrativa de "Querência" como um poema audiovisual. Um poema que arrancou suspiros da plateia germânica com seu olhar sobre o universo rural brasileiro. A narrativa, de um naturalismo que observa (obediente) o fluxo de vidas aparentemente simples, segue os ritos cotidianos de um tratador de gado que dá nome aos animais que cuida, enquanto sonha com o universo dos rodeios. Entre orações, modas de violas e fatias de um queijo branco artesanal, ele encara a violência de invasões a propriedades no campo e o descaso de autoridades com a justiça da dita "roça". A sequência em que o personagem se recorda de uma oração familiar de sua infância é pra levar o mais duro dos corações às lágrimas.

Existe uma vocação histórica no Festival de Berlim, desde sua inauguração, em 1951, com uma sessão de "Rebecca, a mulher inesquecível", de Alfred Hitchcock, em servir de painel para expressões autorais do mundo inteiro, com lugar cativo para a América Latina, em especial para o Brasil. Um outro exercício autoral brasileiro que fez bonito nas telas do evento alemão entrará em cartaz nesta quinta: "Todos os Mortos", de Caetano Gotardo e Marco Dutra. Há uma força trágica em seu roteiro, que aborda a realidade da São Paulo do fim do século XIX após o fim da escravidão, sob o ponto de vista de diferentes mulheres. Seu elenco traz as atrizes Mawusi Tulani, Carolina Bianchi, Alaíde Costa, Thaia Perez, Andrea Marquee, Gilda Nomacce e Clarissa Kiste.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.