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Plínio, Profeta de sua própria história... na música das telas

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Vincent Cassel e Selton Mello em "O Filme da Minha Vida", que valeu a Plínio Profeta uma indicação ao Platino de Melhor Trilha Original  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca

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Papos de corredor de premiações como o Troféu Platino, o Oscar da latinidade, costumam dar a deixa do que será o resultado, e o zumzumzum geral aqui é de que Plínio Profeta já ganhou uma láurea (merecidíssima) pela trilha sonora de O Filme da Minha Vida, pepita de Selton Mello que não teve o devido carinho em cartaz no Brasil, mas que, aqui em Cancun, goza do respeito dos mexicanos. A premiação acontece neste domingo no complexo hoteleiro XCaret, na Riviera Maia, tendo Uma Mulher Fantástica, do Chile, como favorito a Melhor Filme (o júri popular já premiou ele). Profeta trilhou os outros dois longas de Selton - O Palhaço, de 2011, e Feliz Natal, de 2008 - e sua série, Sessão de Terapia. Cada trabalho desses é pontuado por um conceito musical bem distinto, com uma delicadeza que evoca, nos tímpanos cinéfilos, a marca de equilíbrio do maestro francês Georges Deleure (1925-1992), que, de 1950 até o ano de sua morte, nos brindou com trilhas antológicas como as de O Desprezo (1963) e de Um Pequeno Romance (1979). A melodia do instrumentista brasileiro, versátil em múltiplas frentes, segue uma doçura econômica similar a de Deleure sem nunca escorregar no mel.  "A música no cinema fica mais interessante quando ela te faz acessar outras camadas sensoriais além da imagem e não quando ela apenas sublinha algo que está na tela. Este terceiro filme do Selton Mello tem, na essência, um excesso de beleza que eu não poderia comprometer ressaltando esse belo ainda mais. O desafio era ir tirando notas", diz Plínio, queb se encaixa bem num ditado aprendido por seu diretor quando este protagonizou Lavoura Arcaica (2001): "É possível para um homem ser profeta de sua própria história".

Mastro da sutileza Foto: Estadão

A história de Plínio Profeta nas telas nacionais tem sido uma das mais ousadas entre os músicos de sua geração, investindo num coeficiente poético que se (ou)viu muito em Remo Usai e em David Tygel. A sutileza é a clave de sol de sua arte. "No Brasil, não existe muito a figura do music supervisor, aquele que só escolhe músicas de outras pessoas para botar num longa, sem compor. O compositor lá fora é dissociado desse função. Aqui, não. Em O Filme da Minha Vida, temos canções de época, para caracterizar os anos 1960, com Sergio Reis e Nina Simone. Precisa encontrar um lugar para a minha música com o cuidado de não ficar over", diz o músico, que prepara um show com seu trabalho autoral para este ano e sonha dirigir um longa. "Tenho já um roteiro pronto".

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