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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Pedro Costa chega à MUBI com 'Vitalina Varela'

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
O diretor português Pedro Costa em visita ao Festival do Rio, em foto de Davi Campana  

Rodrigo Fonseca Um dos experimentos visuais mais esplendorosos do cinema contemporâneo, "Vitalina Varela" chegou à streaminguesfera brasileira, via MUBI, abrindo espaço para a estética de Pedro Costa nas plataformas digitais. Basta clicar www.mubi.com para conhecer ganhador do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno de 2019. Aliás, a produção lusa saiu do evento suíço também com a láurea de Melhor Interpretação Feminina para sua protagonista, uma atriz não profissional, Dona Vitalina. Trata-se de uma experiência cinematográfica que repensa o Tempo a partir da errância de uma cabo-verdiana pela capital portuguesa, na região das Fontainhas, em busca de seus mortos, após a morte de seu marido, atrás de sentido. "Não tenho pressa. Naquele mundo dos cabo-verdianos de Portugal eu encontro tantas experiências que não vejo razão de correr. Os filmes se desenham aos poucos a partir de um processo de vivência. Estudando aquelas pessoas de Cabo Verde, que tanto me deram e tanto me dão, há tantos anos, tive a percepção de que existem mulheres sentinelas, à olhar para o mar, à espera, sem resposta, dos maridos, do continente, da vida", disse Costa ao Estadão.

 Foto: Estadão

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Considerado um dos mais requintados estetas do nosso tempo no audiovisual, Costa ganhou notoriedade por longas-metragens como "Cavalo Dinheiro" (Melhor Direção em Locarno em 2014), "Juventude em Marcha" (indicado à Palma de Ouro em 2006) e "No Quarto de Vanda", laureado no festival Cinéma du Réel em 2001. Este era um dos filmes favoritos de Eduardo Coutinho (1933-2014), aclamado documentarista responsável por cults como "Edifício Master" (2002) e "Santo Forte" (1999). Em sua experiência de trabalho com Costa nos sets, Dona Vitalina dizia: "Se houver amor, as coisas vão dar certo!". Ela cedeu muito de suas vivências à caracterização de sua personagem a caminho das Fontainhas, bairro onde o cineasta ambienta suas aclamadas tramas, oferecendo ao espectador uma missa estética de reflexão sobre a resiliência dos imigrantes d'África no Velho Mundo. "A urgência é má conselheira. Filmo como uma equipe muito reduzida, com quatro pessoas por trás das câmeras, para que meu elenco de não atores tenhas as melhores condições de criar. Não se deve ser urgente, no cinema, nem no documentário, formato que aspira a ter um contato mais terra a terra com a realidade", disse o diretor ao Correio da Manhã em sua passagem pelo Rio, há três anos. Desde Locarno, o longa de Costa já soma 23 prêmios e ganhou uma sessão nobre no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, no âmbito de um ciclo dedicado ao melhor da produção cinematográfica de 2020. Nessa narrativa de requintado visual, Vitalina leva às telas suas experiências com o luto e a ressaca diante do sexismo. No fim do ano passado, Costa lançou o livro "Vitalina Varela - Cadernos de Rodagem", no qual faz um balanço de seu método de trabalho, reunindo fotografias tiradas nos subúrbios de Lisboa e na ilha de Santiago, Cabo Verde, entre 2017 e 2019. "Existem pessoas com um viver muito rico que vieram d'África para se reinventarem em solo português. E é delas que eu falo, em planos que distendem uma percepção mais comercial do tempo", disse o cineasta, que ganhou o prêmio de Melhor Direção no CinePE, no Recife, em 2015, por "Cavalo Dinheiro".

p.s.: No clima das festas de São João, o musical infantil "Luiz e Nazinha - Luiz Gonzaga para Crianças" volta ao cartaz, neste sábado (02/07), para uma curta temporada, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, com sessões aos sábados e domingos, às 16h. Assistido por mais de 100 mil pessoas, que se encantaram com a emocionante adaptação da vida do Rei do Baião para os palcos, o espetáculo faz parte do projeto 'Grandes Músicos para Pequenos', criado pela produtora Entre Entretenimento com o objetivo de levar para os palcos nomes importantes da cultura brasileira em montagens que mesclam biografia e canções do artista escolhido. Com texto de Pedro Henrique Lopes, direção de Diego Morais e direção musical de Guilherme Borges, a peça conta passagens da infância de Luiz Gonzaga no interior do Nordeste, com destaque para a descoberta do amor, quando o jovem Luizinho (Pedro Henrique Lopes) se apaixona por Nazarena (Aline Carrocino), filha de um coronel que não permite o namoro deles. No elenco, também estão Erika Riba e Sergio Somene. A fábula é embalada por grandes sucessos do músico, como "Asa Branca", "Que Nem Jiló", "Baião", "O Xote das Meninas", "Olha Pro Céu", entre outros.

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