RODRIGO FONSECA Disponibilizado para o 75. Festival de Cannes, a ser usado como um polo de projeção extra para o Marché du Film, o cine de rua Olympia, tradicional complexo de salas na Croisette, aproveita a badalação em torno da disputa pela Palma de Ouro para promover uma homenagem ao diretor inglês Christopher Nolan. Em 2018, ele passou pelo evento para comentar a versão restaurada da sci-fi "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick. Falou dela e de sua obra, dando um gostinho do que viria a ser "Tenet" (2020). Há quem diga que, em 2023, ela possa abrir a 76. edição de Cannes com sua esperada biopic "Oppenheimer", com Cillian Murphy. Dele, o Olympia vai exibir, nos diad 3 e 4 de junho, os sucessos "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008) e seu cult maldito, o magistral "Interestelar" (2014). Vai ter o já citado "Tenet" de lambuja.
"Eu venho de uma escola noir, policial, no qual a ideia de melodrama entra para qualificar situações de sentimentos extremos. Meus personagens se revelam por suas ações", disse Nolan à Croisette, há quatro anos. "No cinema, a música tem um papel crucial: trilha funciona como um relógio que dita o ritmo dos acontecimentos".
Cannes termima no dia 28, com a entrega da Palma dourada e dos demais prêmios, que serão decididos por um júri presidido pelo ator francês Vincent Lindon. Neste domingo, um caminhão audiovisual com placa do Irã bateu de frente com a competição: o thriller "Holy Spider", de Ali Abbasi. É quase um filme de terror de tão assutador. O que dá medo é a figura de um psicopata feminicida, Saeed (Mehdi Bajestani), que mata profissionais do sexo das ruas da cidade de Mashhad, estrangulando-as. Mais assustador ainda é a cultura sexista que o ampara. Mas uma jornalista vai debelar sua rotina de crimes. A repórter, Rahimi, é vivida de maneira devastadora por Zar Amir Ebrahimi. É a melhor interpretação feminina até agora. Ali Abassi ficou conhecido aqui por "Border", um dos sucessos da mostra Un Certain Regard de 2018.