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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

O pior do cinema argentino

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Só no botox: Valeria Bertuccelli e Adrián Suar em "Roteiro de Casamento", comédia que expõe o lado Z da Argentina Foto: Estadão

Candidato ao posto de pior filme do ano, estruturado como uma peça de venda para a voz breganeja do cantor Vicentico, Roteiro de Casamento (Me Case Com Un Boludo), lançado quinta-feira, é um dado valioso no estudo da rivalidade cinematográfica entre Brasil e Argentina, computando nota vermelha para nossos hermanos. Com direção (?) de Juan Taratuto (de La Reconstrucción), este esboço de comédia romântica se deita na beleza embriagante de Valeria Bertuccelli (de O Clube da Lua) a fim de propor uma love story ambientada nos bastidores da indústria do audiovisual. Mas a absoluta falta de norte na condução da narrativa amorosa entre um astro metido a Ricardo Darín e uma aspirante a atriz sem talento e o excesso de canastrice do protagonista (o poço de botox Adrián Suar) tiram qualquer credibilidade no envolvimento dos personagens. Há um bom coadjuvante, o empresário sonolento Groisman (Norman Briski), que dorme em estado narcoléptico sempre que sua presença se faz necessária. Mas a dose de riso que ele assegura não é suficiente para atenuar o azedume de um longa que luta para fazer metalinguagem retomando a mesma equipe criativa do também dispensável Um Namorado Para Minha Esposa (2008). Para quem critica a neochanchada nacional em favor da força do roteiro argentino, o longa de Taratuto será uma decepção, capaz de sobreviver em nós apenas pela bela trilha sonora, do já citado Vicentico, maridão de Valeria, que canta Vivir Así Es Morir de Amor.

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Mas os pontos fracos estéticos de nossos vizinhos nas telonas seguem...

No recém-encerrado Festival de Cannes, a Argentina conseguiu uma vaguinha na seleta Un Certain Regard com um drama sobre sua ditadura (oh!) chamado La Larga Noche de Francisco Sanctis, de Francisco Márquez e Andrea Testa, que poderia, quando muito, dar um bom curta. O último filmaço argentino a passar por aqui foi O Décimo Homem (El Rey Del Once), de Daniel Burman, mas este teve recepção fria em circuito nacional.

Por sorte, já, já recebermos Kóblic, um possante thriller com o midas Darín, dirigido por Sebastián Borensztein, mesmo realizador do fenômeno de público Um Conto Chinês (2011). Laureado com o prêmio de melhor fotografia no Festival de Málaga, na Espanha, a produção estreia aqui dia 23 tendo o astro de O Filho da Noiva (2001) no papel de um militar desertor na Argentina dos anos 1970. É um filme de altíssima voltagem em sua edição, com o admirado (e admirável) ator dando o melhor de si.

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