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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Novo teatro dá mais bossa ao Rio

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Leticia Persiles e Thiago Fragoso desfiam um rosário de doçura no musical "Garota de Ipanema, o Amor é Bossa" (foto de divulgação de André Wanderley) Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA

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Patrimônio afetivo da cinefilia carioca até 2008, quando teve suas cortinas fechadas, o Cine Palácio, no Passeio Público, vizinho à Cinelândia, renasce esta semana como templo para as artes, mas (por enquanto) não mais como sala se exibição e sim como palco, majestoso aliás, com o nome de Teatro Riachuelo, tendo como abre-alas de sua programação um biju daqueles de derreter na língua. Apoiado em canções encaradas como hinários da carioquice, Garota de Ipanema - O Amor é Bossa traz na medula um comportamento de "espetáculo de abertura": é leve, embala a plateia, tem uma trama funcional (de Thelma Guedes), com alguns instantes mais reflexivos, e aposta em pelo menos duas cenas desconcertantes, com inspiração na ditadura dos anos 1960. De um lado existe eficiência; do outro, uma centelha poética característica do processo de consolidação autoral de Gustavo Gasparani como encenador. Seu Édipo Rei cosmogônico de 2012 já tinha sido uma baita surpresa teatral. A maturidade de sua Tebas pop reflete aqui. O enredo é centrado no reconhecimento e depois no envolvimento de dois jovens (ele, Zeca, música; ela, Deolinda, cantora) no momento em que a bossa nova vive sua apoteose criativa. De um lado, vem a voz quindim de Letícia Persiles e, do outro, uma atuação à la Cyl Farney de Thiago Fragoso: juntos eles costuram uma narrativa romântica que evolui pelas veredas do binômio verbal de toda boa love story perder-reaver. Temos a euforia da década de 1950 passando aos 60 e a chegada dos anos de chumbo, num carrossel de trocas de pares e ensaios melódicos. A coroa vem da atuação de Cláudio Galvan, num desempenho caudaloso como o ex de Deolinda, envolvido com a ala da farda. A primeira apresentação comandada por Gasparani foi tocante.

Bem-vindo de volta, velho Palácio, agora Riachuelo. Fique.

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