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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Nos embalos de Mário Jorge, o Travolta da dublagem

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
John Travolta como Tony Manero no cult dublado por Mário Jorge nos anos 1980, nos estúdios da Herbert Richers Foto: Estadão

Crime contra o patrimônio histórico audiovisual brasileiro, a redublagem segue fazendo suas vítimas: Tony Manero, personagem icônico da década de 1970, foi a nova baixa desta peste bubônica da economia da cultura. Como vem sendo tradição desde os anos 1980, desde que filmes protagonizados por John Travolta começaram a chegar ao Brasil, o papel do maior pé de valsa da era disco na telona foi confiado ao dublador Mário Jorge, um mestre desta arte de tradução (e familiarização). Jorge é um ator de vastos recursos dramáticos no emprego da voz, fazendo da ironia (no improviso) uma marca de seu trabalho na boca de Travolta, de Eddie Murphy, do Eric de A Caverna do Dragão. Mas acabou agora uma exibição do longa-metragem de John Badham no Telecine Cult trazendo um sotaque paulistano no lugar dos acordes vocais de Jorge, maculando um exercício estético primoroso remanescente dos estúdios Herbert Richers. Pergunta: qual é o ganho deste tipo de violação? Fizeram o mesmo com Karate Kid - A Hora da Verdade, de John G. Avildsen, e qual boa parte dos longas com Sylvester Stallone que foram dublados pelo saudoso André Filho, morto em 1997. Será que este massacre sonoro vai acabar?

Aqui você confere um traço do talento sem par de Jorge:

Se você nasceu de 2000 para cá, não pense que Mário Jorge não faz parte efetiva de sua vida. Ele dubla o Burro da franquia Shrek. Sua voz contribuiu para a alfabetização cinematográfica do povo brasileiro e merece respeito por isso.

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