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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

No Brasil, 'Brad Barron', catarse sci-fi das HQs

RODRIGO FONSECA Cinecittà dos quadrinhos europeus, numa zona franca de vigilantes com ares de Gary Cooper e alma de Mastroianni, a Sergio Bonelli Editores fez uma reinvenção na ficção científica, há uma década ao criar Brad Barron, uma espécie de Kurt Russell em PB, de prontidão para encarar perigos que parecem saídos da mente (e das lentes) de John Carpenter. Criado nos fumetti (o termo à italiana para gibi), o herói (um misto do que Kurt foi em "O enigma do outro mundo" com seu lado Rambo em "Fuga de Nova York") chega agora ao Brasil, num empenho editorial do pesquisador Wagner Macedo para popularizar por aqui as tramas de Tito Faraci. Na Itália, a série saiu de 2005 a 2006, em 18 volumes. O projeto de publicação do personagem, feito pela Graphite Editora, envolve uma campanha de financiamento coletivo, no Catarse. Acompanhe por aqui (https://www.catarse.me/brad_barron1), mas acompanha o gesto de Macedo com carinho, pois a dramaturgia de Faraci é de uma sofisticação singular. A sinopse oficial: "Brad Barron é um cientista, professor de biologia, autor de um tratado sobre a hipótese de vida extraterrestre, a qual acaba comprovando, na própria pele, contra a sua vontade. Ele também é um ex-soldado veterano, que lutou com o exército dos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Participou do desembarque aliado na Normandia, ganhou duas medalhas por bravura, uma cicatriz permanente no rosto e muitas memórias dolorosas gravadas em sua alma. Brad Barron é um prisioneiro - o número nove - uma das cobaias favoritas dos Morb: tenaz, indomável, quase incontrolável e, portanto, particularmente interessante para os estudos conduzidos pelos cientistas extraterrestres. É um lobo solitário em busca de liberdade, tanto para si quanto para um mundo esmagado por uma raça alienígena, determinada a transformá-lo numa colônia". A sinopse do P de Pop: Brad Barron é o lado John Carpenter dos gibis italianos, apostando na estranheza ao dissecar a alteridades entre duas culturas que têm no ódio um ponto de interseção a ser desbaratado por um Snake Plissken à carbonara. Simples e delicioso assim.

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Também não podemos negar o fato de que a geração jovem de hoje está dividindo seus interesses com outras mídias (internet, redes sociais, jogos eletrônicos, entre outros). Infelizmente, é triste ver essa forte relação do brasileiro com os quadrinhos ruir ao longo dos anos sem uma ação incisiva da indústria. Quanto às vendas, todos sabem que caminhamos a olhos vistos para o fim das bancas de jornal. Nesse cenário, vemos a gigante Amazon como o site que mais vende quadrinhos no país atualmente, com toda a inteligência advinda do "Machine Learning" que é aplicada em seu portal de serviços, qualidade e capilaridade nos serviços de entrega, servindo hoje como "tábua de salvação" para muitas editoras. Mas, como tudo tem um preço, com cada vez mais editoras recorrendo a Amazon para bancar a venda e tiragem de seus projetos, estamos caminhando para uma monopolização do mercado, com a Amazon estabelecendo-se, sem sombra de dúvidas, anos-luz à frente de qualquer pretenso concorrente brasileiro, fazendo-nos crer que, brincadeiras à parte, talvez eles tenham obtido acesso à tecnologia dos Morbs (Raça alienígena inimiga de Brad Barron). Queremos deixar claro que isso não representa uma crítica direta à Amazon (até porque somos ávidos compradores e desejamos ser futuros parceiros), sendo apenas uma observação transparente dos fatos e de nosso cenário editorial atual. Mas, considerando que ainda temos um público colecionista forte com muitos fãs de fumetti e quadrinhos em geral em nosso país, surgiu o espaço para as pequenas editoras trabalharem nesse nicho específico que se formou, essas editoras são verdadeiros "exércitos de um homem só", que apostam em materiais e tiragens que dificilmente seriam trabalhados pelos grandes players do mercado. Editoras como a nossa, que se conectam diretamente ao seu público por meio das redes sociais e colhem feedback constante, criando condições de entregar um trabalho progressivamente superior. Nossa equipe é multidisciplinar e muito dinâmica, onde à despeito de suas especialidades individuais, todos buscam fazer o melhor, prestando apoio mútuo, aprendendo e ensinando. Dessa forma podemos desfrutar de um ambiente de trabalho colaborativo e salutar, contribuindo ainda mais para podermos entregar um material de alta qualidade para os leitores.

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