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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Nelson Xavier ataca de Charles Bronson em thriller redentor

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
O troféu Redentor de melhor ator no Festival do Rio 2016 coroa a atuação de Nelson Xavier em "Comeback" Foto: Estadão

RODRIGO FONSECAMesmo nos mais ferrenhos debates sobre a necessidade do "filme de gênero" no cinema brasileiro, é raro se ouvir falar na importância do thriller de ação como um caminho para mobilizar plateias, apesar de toda a importância que o filão teve para a educação audiovisual das gerações criadas nos anos 1980 e 90. Por isso, Comeback, que estreia no dia 25 de maio, merece loas: além de ter uma série qualidades em termos narrativos, a produção dirigida por Érico Rassi - pela qual Nelson Xavier conquistou um merecidíssimo troféu Redentor no último Festival do Rio - é um exemplar nacional raro da linhagem da adrenalina.  

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Filme danado de doido, ambientado em Goiás, mas diferente da pasteurização narrativa em voga, Comeback põe Xavier na pele de um matador de aluguel. Toca Altemar Dutra e dá para se ouvir Manolo Otero, como indícios de um ranço breganejo em um universo no qual matar dá orgulho. É a trilha perto para este neowestern. Embora o roteiro tenha desacertos (como ralentar demais na exposição de personagens talhados para terem ênfase em cena), a direção de Rassi flerta com a estética dos thrillers de ação mais artesanais, como os filmes de Don Siegel (Os Impiedosos) e de Michael Winner (Desejo de Matar), com direito à criação de um personagem maior do que o filme: Amador, o gatilho relâmpago (hoje enferrujado) vivido por Xavier. O enredo se basta nas estratégias se sobrevivência de Amador na conjuntura das maquininhas de caçar níqueis e de seu desejo de assassinar de novo, por respeito. O filme tem falhas (o uso do termo comeback por personagens da velha guarda beira o ridículo), mas tem vigor e coeficiente de invenção, optando por transgredir na representação da velhice e da vilania.    

 

 

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