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'Mug': ironia polonesa em Berlim

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Malgorzata Szumowska na coletiva de "Mug" na Berlinale: prêmios à vista Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca

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Entre os 19 concorrentes ao Urso de Ouro de 2018, quatro filmes são dirigidos por mulheres, sendo que o melhor deles - e a mais inquierante e madura delas - ficou pro final: a polonesa Ma?gorzata Szumowska, na disputa com "Mug". Há três edições da Berlinale, ela saiu do evento com o prêmio de melhor direção por "Body", cirúrgico drama sobre crença e descrença na fé espírita. Agora, ela pode (e deve) ser premiada outra vez por uma exótica tragicomédia com foco na construção de um estátua de Jesus e uma cirurgia de transplante facial. O foco dela é sempre a tolerância à dor, o que lhe serve como ponto de partida para a exumação de instituições falidas. No longa-metragem exibido e muito aplaudido esta amanhã na capital alemã, ela se escora na radical mudança de vida de um operário fã de heavy metal que fica desfigurado após se acidentar na obra de construção do Cristo Redentor da Polônia. Parentes, namorada, colegas de trabalho e, sobretudo, o Estado viram as costas pro rapaz depois que ele ganha um novo rosto. E esta trama, filmada com uma câmera desfocada, expõe a dificuldade que aquela nação tem para lidar com o novo. A diretora utiliza uma máscara, na sofisticada maquiagem, para mudar o rosto do protagonista, Jacek (Mateusz Kó?ciukiewicz).

"Queria fazer algo próximo da fábula, discutindo o poder da Igreja Católica e a postura não reativa da sociedade polonesa à realidade política à sua volta", disse Malgorzata. "Socieadades têm medo das diferenças"

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