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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Moretti no melhor de si

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Moretti com Margherita Buy em cena de "Mia Madre" Foto: Estadão

Já começaram as pré-estreias de um dos melhores filmes egressos da Europa este ano, capaz de fazer da(s diversas) decadência(s) do Velho Mundo uma metáfora disfarçada em uma discussão sobre o ensino do latim: Mia Madre, de Nanni Moretti. Tem sessão dele hoje 23h40m no Espaço Itaú, aqui no Rio de Janeiro. Neste comovente longa-metragem, o realizador de O Quarto do Filho (2001) ganhou o prêmio do Júri Ecumênico de Cannes (embora merecesse mais) por seu olhar sobre conciliações (familiares e governamentais ) que se mostram urgente para a manutenção dos pulmões europeus se oxigenarem com ventos novos. Tudo é apresentado numa mescla de riso e pranto por trás da saga de uma cineasta (Margherita Buy) às voltas com a doença terminal de sua mãe (Giulia Lazzarini, mito do teatro europeu). A diretora, também chamada Margherita, está no processo de filmagem de um longa politizado sobre conflitos entre operários e donos de fábrica. Para complicar sua vida, o tal projeto tem como astro um ator hollywoodiano de vaidade GG e talento tamanho PP: Barry Huggings, vivido por Turturro. Em todas as projeções do longa pelo mundo, o ator e realizador de Amante a Domicílio assalta o riso da plateia.

 

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Prazer é um benefício inerente aos filmes de Moretti, ao longo de 43 anos de carreira. Mas aqui há algo mais do que satisfação em se comover e rir. O que há de mais encantador em Mia Madre - e que mostra o quanto Moretti é essencial para o cinema da Itália se proteger da letargia- é a excelência de Moretti para usar a situação de uma mãe convalescente como metáfora para a situação de anemia social, econômica e politica em que a Europa se encontra. A palavra "Amanhã" frisada num diálogo do climax ilustra a (psico)análise social proposta pelo longa, um dos melhores do país em 2015.

De lá também veio, recentemente, para cá, o irregular Capital Humano, de Paolo Virzi, no qual a cena se alimenta mais das curvas da deusa Valeria Bruni Tedeschi que de boas viradas. Mas, de qualquer forma, é um filme de raça.

 

p.s.: E no apagar das luzes do ano, agora que já é Natal na Leader Magazine, pergunto: como diabos os exibidores brasileiros podem dormir em paz com a culpa de terem dito não para Hacker (Blackhat), thriller de Michael Mann (Fogo contra Fogo), sobre cybercrimes. Vale correr atrás deste filmaço sobre a histeria digital do terror num clicar de teclas, com Chris Hermsworth no papel central.

https://www.youtube.com/watch?v=jZ1ZDlLImF8

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