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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Moacyr Franco Live é a maior diversão

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

RODRIGO FONSECA Desde que a cultura das lives virou moda, depois de a covid-19 travar a realização de shows, músicos de tarimba (Gal, o Rei, Caetano) fizeram de suas performances via web um evento capaz de mobilizar a mídia, criando um caminho alternativo - e vívido - para a expressão da voz e de ideias. Um dos talentos que melhor aproveitou essa estrada dos tijolos amarelos foi Moacyr Franco. É impossível não gastar horas vendo as lives de seu canal no YouTube, contando causos de amores, trapalhões, deslizes, sucessos, vivências. Cantando, o vozeirão por trás de "Memória de Uma Velha Canção" e "O Amor Torna Tudo Novo de Novo" sempre foi a maior diversão. Fazendo performances via web, essa diversão viva que ele é se torna ainda maior.

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Espoleta viva no palco, saltitando, cantando piada e chamando fãs pra ensaiar "um dois pra lá, dois pra cá", Moacyr, hoje com 84 anos, mata qualquer adolescente de inveja com sua disposição à frente de um microfone, aveludando poemas de amor como "Cartas na mesa", "Balada nº7" e "Eu nunca mais vou te esquecer". Essas e outras integram o cardápio de uma discografia que ele iniciou há quase seis décadas, sobretudo depois do carnaval de 1960, quando o país em massa decorou sua marchinha "Me dá um dinheiro aí". Irreverente, mas dono de um mel ultrarromântico capaz de quebrar barreiras geracionais (suas apresentações estão lotadas de jovens), ele segue compondo, indo atualmente mais para crônicas bem-humoradas sobre as falências morais do país do que para baladas de corações apaixonados. Depois que o SBT terminou seu contrato com o cantor e compositor, ele circulou por programas de auditório da TV Globo, com picos de audiência. Passou pela série "Ilha de Ferro", com Cauã Reymond, e gravou "Segunda Chamada". Em paralelo, foi travando parcerias com o cinema, tendo sido premiado por sua genial participação como um delegado corrupto em "O palhaço" (2011), de Selton Mello - seu fã declarado. Há dez anos, a atuação dele mesmerizou o Festival de Paulínia. Recentemente, contracenou com Danilo Gentili em "Como se tornar o pior aluno da escola" (2017). Agora, emprega seu talento na internet, mostrando-se uma fênix. Lenda é pouco para definir sua genialidade.

p.s.: Leitura imperdível pr'esta pandemia: os poemas de "Impressão Sua", do quadrinista André Dahmer (de "Os Malvados"). Versos como "quando o inferno é a sua casa/ entrar e desamarrar os sapatos/ deitar no sofá da sala do inferno/ tirar férias do inferno é bom/ voltar pra casa é muito melhor" regurgitam lirismo.

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