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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Mads Mikkelsen de prosa com Cannes

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Laureado na Croisette em 2012 por "A Caça", o astro dinamarquês regressa ao balneário nesta quinta, para falar de sua carreira de sucessos  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Em cartaz no Brasil como Gellert Grindelwald, em "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore", e pronto para voltar às telonas em 2023 como o vilão do novo "Indiana Jones", Mads Mikkelsen tem um compromisso firmado com Cannes nesta quinta-feira: falar de sua vida para cerca de 1,6 mil pessoas, ao vivo, e mais alguns milhões que acompanham online a seção Rendez-Vous Avec. Criada em 2018, quando Christopher Nolan veio à Croisette falar sobre a restauração de "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), a ala de entrevistas à moda "Esta É Sua Vida" da Croisette é uma extensão vitaminada do projeto Masterclass, realizado no evento na década passada. Sydney Pollack (1934-2008), Malcolm McDowell e Tarantino foram alguns dos convidados dessa conversação especial, então conduzida pelo crítico Michel Ciment diretamente do Palais des Festivals. Agora, todo ano há quatro entrevistados. Na segunda, Agnès Jaoui, atriz e diretora de "O Gosto dos Outros" (2000), foi analisar sua obra. Sexta, vai ter um par de bate-papos: às 14h30 (do fuso francês) fala a cineasta italiana Alice Rohrwacher (de "As Maravilhas"); às 16, fala o espanhol Javier Bardem. Mikkelsen chega esta noite, sendo esperado na projeção de "Stars at Noon", de Claire Denis, em competição. Aos 56 anos, o ator dinamarquês foi laureado em solo cannoise há uma década, por "A Caça".

 Foto: Estadão

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Toda a angústia dele ali ganhou aplauso mundo afora e ajudou o cultuado filme de Thomas Vinterberg a ser indicado ao Oscar. O sucesso ali serviu como um trampolim para a indústria pop, uma vez que, no mesmo ano, 2016, o astro participou da franquia "Star Wars" (em "Rogue One") e da Marvel (como o vilão de "Doutor Estranho"). Ele brilhou ainda no ano passado em "Druk - Mais Uma Rodada" ("Another Round"), também dirigido por Vinterberg. Cannes selecionou o longa-metragem para sua 73ª edição, postergada por culpa da covid-19, mas deu a ele sua logo, como uma chancela de qualidade. "Existe um vazio na condição humana que a arte investiga não pra propor preenchimento, mas com um esforço poético de entendimento e de conforto. O que nós, atores, buscamos é esculpir esse estudo para alcançarmos o máximo de humanismo", disse Mikkelsen ao Estadão na passagem de "Druk" em San Sebastián, quando ele e mais três colegas ganharam o prêmio coletivo de melhor atuação. "Nem sempre a palavra 'herói' vem cercada de valores altruístas. Vejo meus personagens como pessoas e, não, como salvadores". Recentemente, a Amazon Prime adicionou à sua grade um dos melhores trabalhos do ator: "O Guerreiro Silencioso" ("Valhalla Rising", 2009). É uma aventura viking sombria, dirigida por Nicolas Winding Refn. O cineasta ganhou prestígio (e o prêmio de melhor direção em Cannes, em 2011) com "Drive", um marco da ação. Mas, antes, já havia alcançado reconhecimento por um par de filmes com Mikkelsen no elenco: "Pusher" (1996) e "Bleeder" (1999). Espera-se que o ator comente essa parceria na Croisette, que encerra seu festival neste sábado.

"La Jauria" venceu a Semana da Crítica  Foto: Estadão

Um dos títulos mais elogiados por aqui é "Burning Days", de Emin Alper, egresso da Turquia. O diretor do devastador "O Conto das Três Irmãs" (2019) vitamina os códigos do thriller político, narrando a luta de um promotor idealista, Emre (o ótimo Selahattin Pasali) para conter os ânimos de uma cidadezinha alquebrada por uma crise hídrica. É o melhor roteiro de toda a mostra Un Certain Regard. Nada na competição, até agora, bateu o novo Cronenberg, "Crimes of the Future", metáfora prefeita das neuras contemporâneas com o corpo. E vale ressaltar a força de "Armageddon Time", de James Gray, sobretudo em seu roteiro primoroso. Fortes também são "EO", de Jerzy Skolimowski - uma alegoria contra maus-tratos aos animais -; "Triangle of Sadness" - comédia rascante de Ruben Östlund com Woody Harrelson vomitando bile no capitalismo -; e o mix de drama e thriller de máfia "Nostalgia", que deve dar a Pierfrancesco Favina o prêmio de Melhor Ator. Terminou nesta quarta a Semana da Crítica, com a vitória do longa colombiano "La Jauría", de Andrés Ramírez Pulido. Sua trama se concentra na rotina de adolescentes internos em centro de detenção de menores nas cercanias de uma floresta. O Prêmio Descoberta para Curtas foi para Portugal, dado a "Ice Merchants", animação de João Gonzalez.

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