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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Locarno presta tributo a diretoras cultuadas

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Laurie Anderson vai receber o prêmio Vision Award Ticinomoda - Foto de ©Ebru Yildiz Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Embora as atenções do planisfério cinéfilo estejam concentradas em Cannes - que anunciou nesta terça a escolha de "Father & soldier", para abrir a mostra Um Certain Regard, dia 18 de maio -, o Festival de Locarno, na Suíça, resolveu aquecer o cenário das maratonas audiovisuais ao divulgar quem receberá duas de suas honrarias especiais. As laúreas vão para a artista visual e diretora Laurie Anderson e a cineasta Kelly Reichardt. Ambas americanas, elas serão galardoadas com troféus de honra, em homenagem ao histórico de suas realizações, no evento, que vai de 3 a 13 de agosto. Lembrada por documentários autoralíssimos como "Coração de Cachorro" (2015) e "Terra de Bravos" (1986), Laurie (nascida Laura Phillips Anderson, em Illinois, há 74 anos) é conhecida também por seu trabalho como compositora, por suas parcerias com Lou Reed (1942-2013) e por instalações como "To The Moon". Ela receberá o prêmio Vision Award Ticinomoda. Já Kelly, que concorre este à Palma de Ouro de Cannes com "Showing Up", vai receber o Pardo d'Onore Manor. Estrela da cena indie dos Estados Unidos, respeitada por longas-metragens como "Movimentos Noturnos" (produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, em 2013), Kelly, nascida em Miami, há 54 anos, foi jurada na Croisette, em 2019, onde criou controvérsias ao questionar o culto à virilidade expressa em "Era Uma Vez Em Hollywood". Ela atacou as cenas de Brad Pitt subindo um telhado sem camisa e se declarou contrária a representações que objetifiquem corpos. Naquele mesmo ano, lançou seu filme mais badalado até aqui: "First Cow - A Primeira Vaca da América", indicado ao Urso de Ouro de Berlim, em 2020. É um longa que aanda hoje pela grade da MUBI. Este ano, ela receberá a Carrosse d'Or da Quinzena dos Realizadores, em maio.

Kelly Reichardt vai receber a Carroça de Ouro da Quinzena dos Realizadores de Cannes - Foto é ©Cortesia de David Godlis Foto: Estadão

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No início de junho, Locarno deve divulgar suas atrações competitivas e suas mostras paralelas. Confira a seguir o que pode estar em sua seleção:

"THE OCCUPIED CITY", DE STEVE MCQUEEN (Reino Unido): Um estudo documental do diretor de "Small Axe" sobre a ocupação dos nazistas na Holanda, a partir de uma pesquisa arquitetônica.

"MUSIK", DE ANGELA SCHANELEC (Alemanha): Três anos depois de conquistar o prêmio de melhor direção no Festival de Berlim por "Eu Estava Em Casa, Mas..." (2019), a realizadora alemã pode surpreender Cannes com um drama regado a Complexo de Édipo. Na trama, um rapaz germânico criado por uma família adotiva na Grécia mata um sujeito sem saber que este é seu pai biológico. Na prisão, ele viverá uma história de amor com uma agente penitenciária mais velha, sem saber que esta é sua mãe verdadeira

"NOBODY'S HEART", DE ISABEL COIXET (Espanha): A prolífica diretora catalã conhecida por cults como "Fatal" (2008) narra a desagregação de um casal vivido por Gugu Mbatha-Raw e Edgar Ramírez, com base em conto de William Boyd.

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"PASHMINA", DE GURINDER CHADHA (Reino Unido): Nascida no Quênia, a cineasta inglesa de origem indiana aposta na linguagem de animação para narrar o périplo de uma adolescente pra descobrir sua ancestralidade a partir de um cachecol.

"TICKET TO PARADISE", DE OL PARKER (EUA): Uma das maiores apostas de bilheteria do ano entre os filmes para plateias "maduras". Julia Roberts e George Clooney combinam talentos e carismas numa comédia romântica sobre um casal casado da vida que viaja para Bali a fim de salvar a filha de problemas afetivos.

"LOS VIEJOS SOLDADOS", DE JORGE SANJINÉS (Bolívia): O veteraníssimo diretor de "A Nação Clandestina" (1989) regressa à ficção para narrar a jornada de um grupo de revolucionários da América Latina hoje, numa luta contra contratempos do capitalismo.

"MY POLICEMAN", DE MICHAEL GRANDAGE (Reino Unido): O diretor de teatro inglês responsável pelo cult "O Mestre dos Gênios" (2016) volta às telas adaptando o romance de Bethan Roberts sobre a cena LGBTQ+ inglesa dos anos 1950 a partir do confronto entre um policial (Rupert Everett) e seus desejos.

"THE WAY OF THE WIND", DE TERENCE MALICK (EUA): Apoiado num elenco monumental (Matthias Schoenaerts, Mathieu Kassovitz, Aidan Turner, Mark Rylance, Ben Kingsley), o realizador de "A Árvore da Vida" (2011) investiga a vida de Cristo por ângulos inusitados.

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"PALOMA", DE MARCELO GOMES (Brasil): O realizador de "Joaquim" (2017) pode arrebatar a Europa ao narrar a luta de uma mulher trans para se casar na igreja, à moda antiga, em um rincão machista do Nordeste.

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"HEAVEN AND HELL" ("YI DAO TIAN TANG"), DE HUANG CHAO-LIANG (China): Produzido por Jia Zhangke, este thriller acompanha os esforços de um dono de restaurante para caça um psicopata que espalha morte e medo em sua região.

p.s.: Na madrugada desta quinta, o "Corujão" da Globo exibe, às 2h25, o divertido "Minha Obra-prima" ("Mi Obra MMaestra", 2019), de Gastón Duprat. Na trama, um galerista inescrupuloso (Guillermo Francella) e um pintor antissocial (Luis Brandoni) são bons amigos apesar de suas diferenças. Um acidente inesperado proporciona aos dois uma possibilidade inédita e ilegal de ganharem dinheiro dentro do corrupto mercado da pintura.

p.s.2: Vincent Lindon será o presidente do júri de Cannes, na disputa pela Palma de Ouro de 2022, de 17 a 28 maio.

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