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'Lacci': Daniele Luchetti abre as alas em Veneza

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"Lacci" é o filme de abertura do Festival de Veneza de 2020, com a marca da "comédia triste" de Daniele Luchetti Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Apresentado aos brasileiros com "Meu Irmão É Filho Único" (2007), o romano Daniele Luchetti faz 60 anos neste sábado comemorando algo mais do que seu aniversário: caberá a ele acabar com um hiato histórico de 11 anos sem filmes italianos na abertura do Festival de Veneza. No dia 2 de setembro, "Lacci", seu novo longa-metragem, baseado em um romance best-seller - "Laços", de Domenico Starnone, vai abrir os trabalhos no Lido, em projeção hors-concours. Ao inaugurar a semana, na segunda passada, com o anúncio de troféus honorários para a atriz inglesa Tilda Swinton (do recente "Suspiria") e para a cineasta de Hong Kong Ann Hui (de "Neve de Verão"), Veneza deixou o planisfério cinéfilo a salivar com o que pode vir pela frente em programação, a ser iniciada na chave da dramédia. Um dos mais prolíficos mestres do filão "comédia triste" em sua pátria, Luchetti reconstitui a Nápoles da década de 1980, para narrar os conflitos no casamento de Vanda e Aldo (Alba Rohwacher e Luigi Lo Cascio), que entra em xeque depois que ele se apaixona por uma jovem, Lidia. Mas o mote da trama é o fato de, 30 anos depois da separação de corpos, eles continuarem legal e afetivamente casados.

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"Intuitivo, filmo ao sabor da experiência, buscando o humor em sua dimensão mais humana. Não tenho o hábito utilizar os diretores de que gosto como parâmetro para o que filmo: gente, em suas horas mais azedas e em suas horas mais contentes", disse Luchetti ao P de Pop, há um ano, quando começou o projeto de "Lacci". "Gosto muito de Ken Loach, por exemplo, por ficar encantado com o fato de ele construir uma dramaturgia viva, sem medo de ser palavroso, sem a necessidade de uma estetização da imagem. A fotografia é realista, simples, sem adereços. O apreço que tenho por ele me ilumina, mas eu não tento reproduzi seu caminho. É difícil criar uma imagem original no cinema contemporâneo. Mas isso não me obriga a reproduzir passo a passo os enquadramentos dos cineastas de que gosto. É a dramaturgia que me dá o caminho".

"On the rocks" marca o regresso de Sofia Coppola à direção, com Rashida Jones e Bill Murray como filha e pai Foto: Estadão

Há uma série de títulos já cotados para a briga pelo Leão dourado deste ano, sendo "On The Rocks", de Sofia Coppola, a principal aposta. Esta "dramédia" é calçada no carisma de Bill Murray como um pai ricaço em busca de uma reinvenção afetiva com sua filha, Rashida Jones, já encarada como uma potencial candidata ao Oscar pelo papel. Mas é grande também a boataria em torno de "Lingui", do chadiano Mahamat-Saleh Haroun, sobre uma mãe muçulmana às voltas com o desejo de sua filha adolescente, grávida, de fazer um aborto. Haroun ganhou fama mundial há dez anos, ao conquistar o Prêmio do Júri de Cannes com "O Homem Que Grita". À época, 2010, ele era o único diretor de longas de ficção em atividade no Chade. Hoje, é um dos nomes mais aclamados do continente africano quando se pensa em cinema. Acredita-se ainda que o egípcio A.B. Shawky vá tentar uma vaga na briga por prêmios com uma longa inédita sobre o cotidiano do Cairo.

É forte a torcida para que o japonês Hayao Miyazaki, o Walt Disney da Ásia, finalize seu novo desenho animado, "How Do You Live?", a tempo de concorrer. A animação dele fala de um rapaz às voltas com os ritos de passagem da adolescência. A França vai atacar com Balzac, numa adaptação de "A Comédia Humana", com direção de Xavier Giannoli, tendo o mito Gérard Depardieu em cena. O veterano ator ainda regressa pelas vias literárias de Georges Simenon em "Maigret et la jeune morte", de Patrice Leconte. Do Brasil, há quem espere boas novas de "Pedro", de Laís Bodanzky.

p.s.: Nesta madrugada, tem Mauro Lima na Globo/ Globoplay, às 2h: a biopic "João, o Maestro" (2017), com Alexandre Nero e Rodrigo Pandolfo, além de impecável atuação de Alinne Moraes.

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