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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Hors Normes' segue intocável no gosto francês

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Lançado há nove anos em sua terra natal, a França, mas jamais equiparado, em termos de rentabilidade, por nenhum outro lançamento de sua própria indústria, "Intocáveis" continua dando frutos a seus realizadores, Éric Toledano e Olivier Nakache, que, neste fim de semana, têm um compromisso em país, para promover seu novo filme, também um sucesso popular: "Hors Normes" ("The Specials"). Prestigiada por 1,9 milhão de pagantes em um mês em cartaz em solo parisiense e cidades vizinhas, a história de dois educadores (vividos pelos atores Vincent Cassel e Reda Kateb) especializados na integração de crianças e jovens autistas, ainda não correu as salas exibidoras das Américas e de muitos países da Europa. Por isso, esse blockbuster nato é um dos focos do Rendez-vous Avec Le Cinéma Français, que inaugura, na quinta-feira, sua 22º edição. "Falar com grandes plateias é uma forma de afirmar a tradição popular do audiovisual francês", disse Toledano ao P de Pop, no Festival de San Sebastián. Rendez-vous é um nome pomposo para fazer jus ao evento a que se refere: um fórum promocional idealizado para atrair os holofotes mundiais para a nova safra da França no audiovisual. Toda a vitalidade e a diversidade de gêneros dos franceses em circuito serão celebradas de 16 a 20 de janeiro em Paris. Estima-se a presença de cerca de 100 artistas, entre atrizes de fama mundial, galãs queridos por plateias de múltiplas línguas e cineastas de veia autoral: entre os quais a atriz, cineasta e musa de Truffaut Fanny Ardant (estrela do sucesso "La Belle Époque"); o mestre das narrativas sociológicas Robert Guédiguian (com o inédito "Gloria Mundi" para lançar); e a sensação dos anos 1990 Julie Delpy (que acaba de dirigir o drama "My Zoe"). Ambos vão passar pelo painel de tendências estéticas concentrado no Hotel Le Collectionneur, na Rue de Courcelles. Lá será a sede da 22ª edição do Rendez-vous, realizado anualmente pela Unifrance. Esse é o órgão do governo da França responsável pela manutenção e promoção da indústria audiovisual. A cada ano, a Unifrance promove um encontro reunindo cerca de 400 distribuidores de todo o planeta para divulgar prováveis sucessos de bilheteria e experimentos narrativos com fôlego para desafiar as convenções cinematográfica.

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Na semana que vem, emissários de 81 filmes vão passar pelas ruas parisienses, batendo ponto no Le Collectionneur, para um papo com cerca de 450 distribuidores e 120 jornalistas de 49 países, revelando as tendências que hão de mobilizar espectadores no planisfério cinéfilo. "Hors Normes" é um dos estandartes desta edição não apenas por toda a popularidade de Cassel e Kateb, mas pela grife popular em seus créditos de direção: Éric Toledano e Olivier Nakache. Foram eles que, em 2011, dirigiram "Intocáveis", dramédia que vendeu cerca de 20 milhões de ingressos, sendo refilmada na Argentina e nos EUA e sendo adaptada como peça para os palcos brasileiros (como Marcelo Airoldi e Ailton Graça). Fala-se muito ainda de "Mama Weed", de Jean-Paul Salomé, com Isabelle Huppert no papel de uma tradutora de árabe que trabalha, secretamente, como espiã. Esse é um dos títulos esperados para a 70ª Berlinale também. O Rendez-vous ainda deve mandar para Berlim a comédia de costumes "La bonne épouse", de Martin Provost, sobre o sexismo nos anos 1960, com Juliette Binoche. Lançamento da Gaumont, "Hors Normes" é um dos estandartes desta edição não apenas por toda a popularidade de Cassel e Kateb, mas pela grife de cifras astronômicas que Toledano e Nakache se tornaram depois que "Intocáveis" vendeu cerca de 20 milhões de ingressos. A dramédia deles foi refilmada na Argentina e nos EUA e sendo adaptada como peça para os palcos brasileiros (como Marcelo Airoldi e Ailton Graça). "Tudo o que buscamos é explorar o que pode haver de poético nas situações mais corriqueiras do dia a dia, sempre com lirismo", disse Nakache ao Estadão, quando as filmagens começaram.

p.s.: Com uma bilheteria estimada em US$ 94 milhões mundo adentro, "Adoráveis Mulheres" ("Little Women") é de uma lindeza que não cabe na tela, escorrendo dela conforme atesta a autoralidade da diretora Greta Gerwid (na forma, em especial) em edições que mesclam tempos distintos. Seu elenco de protagonistas (com especial brilho pra Florence Pugh) vitamina o espírito de "narrativa de formação" da trama, ao mesmo tempo que a escolha de Louis Garrel (titânico em sua dimensão trágica) apara as arestas românticas desse filme capaz de desopilar fígados, almas e olhos, os intolerantes e os carentes.

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