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Hector Babenco ganha retrospectiva no Canal Brasil

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"O Rei da Noite" abre a Retrospectiva Babenco no Canal Brasil, no ar a partir desta quarta Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA

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De luto pela morte de Hector Babenco, que nos deixou na última quarta-feira, aos 70 anos, o cinema brasileiro ganha um espaço em horário nobre de rever e rediscutir a obra deste realizador que retratou as mazelas do nosso país para o mundo sob uma perspectiva poética autoralíssima: começa nesta quarta-feira, às 22h, a retrospectiva da carreira do cineasta no Canal Brasil. Tem filme hoje, amanhã e sexta e mais uma leva nos dias 27, 28, 29 e 31, quando uma projeção de Brincando nos Campos do Senhor (1991) encerra esta imersão no universo de desvalidos e anti-heróis criado ao longo de quatro décadas. Para a abertura, esta noite, ficou seu primeiro longa de ficção: O Rei da Noite (1975), sobre a relação entre um boêmio (Paulo José) e uma cantora de cabaré (Marília Pêra).

Foto capturada da web do Acervo da Cinemateca com Babenco nos sets de "Pixote" Foto: Estadão

Nesta quinta, dia 21, revemos o longa que conduziu o cineasta ao panteão internacional de realizadores ao disputar a Palma de Ouro em Cannes e quatro Oscars, incluindo o de melhor diretor: O Beijo da Mulher-Aranha (1985). William Hurt saiu dele com uma estatueta por seu desempenho o homossexual sonhador Molina. Pixote, A Lei do Mais Fraco (1981), produção que deu a Babenco o Leopardo de Prata no Festival de Locarno, tem projeção no dia 28. Vale rever tudo, com caderninho do lado para anotar as soluções narrativas surpreendentes que o diretor tomava durante as filmagens.

Mestiço de duas nações, sendo argentino com berço em Mar del Plata e brasileiro naturalizado paulistano nos anos 1970, Hector Eduardo Babenco foi de um tudo nesta vida, indo de figurante em spaghettis à italiana a diretor indicado ao Oscar. Vendeu túmulos, rodou docs sobre monumentos e paisagens, meteu-se a ator em filmes de tarimba, como Antes do Anoitecer (2000), mas foi, antes de tudo, um realizador capaz de fazer do cinema social (combativo) um objeto de interesse para massas, fazendo-as pensar e se indignar. Em seu percurso artístico, ele marcou gols em muitas áreas do verbo viver, driblando adversários dos mais belicosos, da censura fardada dos anos 1970 ao linfoma com quem guerreou armado de oncologia e muita coragem. Brilhou para crítica e público. Foi um diretor dos grandes, um pedaço indelével da História da América Latina em sua marcha para o Oeste e para o Leste do imaginário cinéfilo. Com a mostra que começa agora, temos uma chance de diluir nossas saudades e perceber o buraco estético que sua perda deixa em nossa Cultura.

 

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