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'Greta', da Berlinale pro mundo

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

RODRIGO FONSECA Rasgando-se em afagos por "Peter von Kant" desde quinta-feira, quando este delicado mergulho de François Ozon no legado do diretor alemão Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) abriu sua programação, a Berlinale n.72 tem resgatado, em suas conversas de corredor, outras histórias de amor LGBTQ+ icônicas vistas em sua trajetória de sete décadas, entre elas o longa-metragem brasileiro "Greta". A recente entrada do filme de Armando Praça, egresso do Ceará, na MUBI, ampliou sua visibilidade. E o show que Março Nanini dá em cena é um ímã de elogios. Fora da briga pelo Urso de Ouro, esse folhetim cheio de fel sobre o enfermeiro septuagenário Pedro (Nanini) entrou na mostra Panorama da Berlinale de 2019 conquistando espectadores europeus. Ao fim de sua projeção, o público de Berlim se perguntava "Que ator é esse?", encantados com a dimensão de angústia que Nanini dá a Pedro, um enfermeiro gay já grisalho, solitário e fã de uma diva do cinema. Ele acabou conquistando o prêmio de melhor ator pelo filme no Cine Ceará, naquele mesmo ano.

"Pedro é um herói da vida, que encontra na solidariedade um meio de resistir às várias marés da vida", disse Nanini à época. Com uma tônica similar à dobja citado Fassbinder, em "O medo consome a alma" (1973) e "Lili Marlene" (1981), "Greta" gravita de saunas gays a shows de cantoras trans para mostrar onde Pedro vai entorpecer o vazio em que vive. Mas, ao ajudar um assassino (Demick Lopes) a fugir do hospital, ele acaba se afeiçoando ao rapaz, abrindo uma porta inesperada para o amor. Então pouco conhecido na cena dos grandes cineastas nacionais, Praça, nascido em 1978 em Aracati, Ceará, é um diretor e sociólogo que viu seu nome virar sinônimo de excelência ao fim da Berlinale. Ele trabalhou como assistente de direção, roteirista e preparador de elenco de importantes diretores brasileiros como, Marcelo Gomes, Karim Ainouz, Márcia Faria, Sérgio Rezende, Halder Gomes, Rosemberg Cariry, entre outros. Realizou curtas e médias-metragens, como "A Mulher Biônica" (exibido no festival de curtas metragens de Clermont Ferrand); "O Amor do Palhaço", "Origem: Destino" e "Parque de Diversões". "Queria muito que este filme fosse feito por um ator capaz de transitar da comédia ao drama, como Nanini, que é uma espécie de Giulietta Masina, grande como a atriz de Fellini", disse Praça à Berlinale, que aplaudiu ainda a fotografia de Ivo Lopes Araújo.

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