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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Futuro do pretérito na seleção do Festival do Rio 2015

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
A Frente Fria Que a Chuva Traz, de Neville D'Almeida Foto: Estadão

Na próxima terça-feira, os espectadores que comparecerem ao Cinépolis Lagoon, em meio à programação do Festival do Rio 2015, para a sessão de A Frente Fria Que a Chuva Traz, vão conferir o (necessário) regresso às telas do diretor mineiro Neville D'Almeida depois de um hiato de 18 anos sem lançar longas-metragens de ficção. Seu filme foi escalado para uma projeção hors-concours, mas já é o suficiente para marcar a revisão crítica da obra do cineasta responsável por transgressões como A Dama do Lotação. Hoje, Nevillen é um septuagenário: diz ter 74 anos. Ele entra na Première Brasil ao lado de um bonde de veteranos como ele, alguns com concurso, outros, não. Não se pode esquecer que o diretor incumbido de abrir o evento, Miguel Faria Jr., que comoveu o Odeon na quinta-feira à noite com Chico - Artista Brasileiro, já está na ativa desde os anos 1960. E sua fluidez na construção da narrativa do documentário sobre o menestrel por trás de sucessos como A Banda tem o fôlego de um galeto a belo canto. A narrativa do doc sobre Chico Buarque é de uma sinuosidade envolvente e comovente. Trabalho de quem aliou a sabedoria dos anos ao desejo de manter a poesia das telas viva.

Quase Memória, de Ruy Guerra Foto: Estadão

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Há, nesta Première Brasil, cineastas que estão na ativa desde a década de 1950, como é o caso do mestre Ruy Guerra, que, aos 84 anos, concorre com Quase memória. Entre seus concorrentes está Luiz Carlos Lacerda, que completa 50 anos de cinema em 2015 e entra no certame com Introdução à Música do Sangue. Seu ator é Ney Latorraca, num senhor desempenho. Também faz parte da ala grisalha da briga pelo Redentor o diretor Alberto Graça, que retorna ao circuito com Beatriz, em exibição nesta sexta. Em mostras paralelas, aparecem diretores com décadas de experiência como Walter Lima Jr. (com Através da Sombra) e Nelson Hoineff (82 Minutos).

"É curioso nesta edição do Festival do Rio haver uma presença forte dos mais jovens ao lado dos mais velhos. E há ainda aqueles que estão numa faixa intermediária. Espero que estas gerações, juntas, realizem um desejo meu de que, da mistura de olhares, aflore um cinema pleno, necessário, e não simplesmente filmes", diz Walter Carvalho, o presidente do júri do Troféu Redentor diante da seleção deste ano, conjugada no futuro do pretérito.

p.s.: Se o assunto é experiência, vale lembrar que os italianos Paolo e Vittorio Taviani, ambos octogenários, estão de volta à cena com Maravilhoso Boccaccio, que o Cine Odeon exibe nesta terça, às 19h, no Festival do Rio.

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