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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Francis Ford Coppola, 80 anos neste domingo: parabéns em Tribeca

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Martin Sheen em "Apocalypse Now" (1979): Francis Ford Coppola prepara uma nova versão de seu cult de guerra, a ser lançada em Tribeca  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Decididoa voltar à direção para filmar um projeto acalentado desde o inícios dos anos 2000 ("Megalópolis", a ser protagonizado por Jude Law), Francis Ford Coppola vai completar 80 anos neste domingo, cheio de gás para criar de novo, após um hiato dedicado à sua produção de vinhos. Mas a festa em honra de sua obra está agendada para o fim do mês. No dia 28, ele vai celebrar seu aniversário com um debate no Beacon Theatre, em Nova York, mediado por Steven Soderbergh (o diretor de "sexo, mentiras e videotape") e promovido pelo Festival de Tribeca. A edição 2019 do evento nova-iorquino vai de 24 de abril a 5 de maio e vai exibir um corte inédito feito por Coppola a partir do material bruto de "Apocalypse Now", que está completando 40 anos. A nova edição é diferente da versão original, de 1979, e da versão "redux", de 2001, enxugando gorduras, ampliando reflexões filosóficas e realçando o tônus de rebeldia que o realizador esbanjava nos anos 1970.

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"Naquele tempo havia independência na maneira de se trabalhar com cinema nos EUA, sob a influência da Nouvelle Vague francesa e de mestres como Kurosawa. Fazíamos filmes de arte, personalíssimos e, por vezes, experimentais, se comparados à linguagem clássica americana", disse Coppola ao P de Pop em 2015, quando ganhou uma retrospectiva no Rio. "O exercício de linguagem que fizemos nos tempos de "O poderoso chefão" encontrou dificuldade de levantar financiamento e assegurar distribuição, pois não havia um padrão entre nós. Naquela época, nossos filmes ensinaram o cinema a encontrar novas maneiras de expressar humanidade, nas formas mais distintas, sem confiar em muletas mercadológicas que hoje cansam plateias".

Diretor ganha retrospectiva na rede Telecine, neste domingo  Foto: Estadão

Fã de diretores mais jovens, porém já cinquentões, como Alexander Payne e Wes Anderson, Coppola vai encontrar uma seleção de peso em Tribeca, como "American woman", thriller com direção da produtora Semi Chellas; "What's My Name: Muhammad Ali", o documentário de Antoine Fuqua sobre o mítico boxeador; ou "Georgetown", estreia do ator austríaco Christoph Waltz na direção. Outro astro que também vai estar demarcando sua estética pessoal como realizador é Jared Leto, que lança por lá o .doc "A day in the life of America", com imagens registradas nas 50 unidades federativas dos EUA. E Coppola vai estar lá para curtir tudo isso e passar em revista seus sucessos. Alguns deles serão exibidos neste domingo, no Telecine, em homenagem ao cineasta: vai ser uma maratona de 12h à 0h, com a trilogia "O Poderoso Chefão" (1972-1990) e "A conversação" (Palma de Ouro em Cannes, em 1974).

"Minhas narrativas são sempre dedicadas a figuras marginalizadas, com foco em pessoas que estão alienadas em relação aos limites do mundo. É a paixão que move os personagens que me interessam. Passei por muitos gêneros investigando a condição humana", disse Coppola na Comic-Com, em 2011, propondo uma reflexão otimista sobre o papel da internet e das vitrines digitais para o cinema. "A evolução que essas novas ferramentas estão causando simbolizam um capítulo novo para a história do audiovisual que está sendo escrito agora. Pelas vias do digital, o cinema galgar novas alturas, algumas antes inimagináveis, repensando inclusive o 3D".

p.s.: Às 4h20 da madrugada deste sábado, a TV Globo exibe "Flores raras" (2013), o melhor filme de Bruno Barreto em anos, que fez sua estreia mundial na Berlinale. Inspiradíssimas, as atrizes Glória Pires e Miranda Otto recriam a paixão entre a poeta americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Marcello Airoldi brilha em cena no papel de Carlos Lacerda. Mauro Pinheiro Jr. assina fotografia.

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p.s.2: Caldeirão multicultural, fervido no calor das ideias de Malcolm X, da urgência de compreensão da identidade africana e da vontade de expressar as raízes de seu continente natal sem o jugo dos colonizadores brancos europeus, a cabeça do músico nigeriano Fela Kuti (1938-1997) deu ao mundo uma sonoridade e uma poesia que vão reverberar pelo É Tudo Verdade neste domingo. Às 18h30, o IMS de São Paulo exibe "Meu amigo Fela", que o mineiro Joel Zito Araújo dirigiu a partir de depoimentos e imagens de arquivos sobre o cantor. Sua passagem por Roterdã, em janeiro, foi um sucesso.

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